terça-feira, 19 de setembro de 2023

Prepare-se Para o Melhor!

 


1 Pedro 3:8-17

Um pastor consagrado, preste a fazer uma cirurgia séria, recebeu a visita de um amigo que foi orar por ele no hospital.

– Algo interessante aconteceu hoje – comentou o pastor. – Uma das enfermeiras olhou para meu prontuário e disse: “Pois é, pelo jeito você está se preparando para o pior!” Eu sorri para ela e respondi: “Não, estou me preparando para o melhor. Eu sou cristão, e Deus prometeu fazer todas as coisas cooperarem para o meu bem”. Rapaz, eu nunca vi uma enfermeira sair de um quarto tão depressa!

Meus irmãos, devemos nos preparar para uma vida vitoriosa, tanto diante dos homens como diante de Deus. Conforme diz Warren Wiersbe, “podemos experimentar as melhores bênçãos nos piores momentos”.

Pedro escreveu esta carta a fim de preparar os cristãos para o “fogo ardente” da tribulação e, no entanto, sua abordagem é otimista e positiva. Sua mensagem é “Preparem-se para o melhor!” Nesta seção, ele dá três instruções que devemos seguir a fim de experimentarmos as melhores bênçãos nos piores momentos. Como podemos nos preparar para o melhor?

1. CULTIVANDO O AMOR CRISTÃO (1 Pe 3:8-12)

Observamos que o amor é um tema que se repete ao longo das cartas de Pedro; não só o amor de Deus por nós, mas também nosso amor pelos outros. Pedro teve de aprender essa lição importante na própria vida, e não foi nada fácil! Jesus precisou ter muita paciência com ele!

Deve-se começar com o amor pelo povo de Deus (1 Pe 3:8). Aqui, a palavra “finalmente” tem o sentido de “em resumo”. Assim como a Lei toda se resume no amor (Rm 13:8-10), também os relacionamentos humanos, como um todo, se cumprem no amor. Isso se aplica a todo cristão em todas as áreas da vida.

Esse amor fica evidente na igualdade de ânimo (ver Fp 2:1-11). Unidade não é o mesmo que uniformidade; unidade é cooperação em meio à diversidade. Apesar de diferentes, as partes do corpo trabalham juntas em unidade. Os cristãos podem discordar quanto à forma de certas coisas, mas devem concordar quanto ao conteúdo e a motivação. Um homem criticou os métodos de evangelismo de D. L. Moody, que, por sua vez, respondeu: “Estou sempre pronto para melhorar. Que métodos vocè usa?” O homem confessou que não tinha método algum! “Então eu fico com o que tenho”, disse Moody. Quaisquer que sejam os nossos métodos, nosso alvo deve ser honrar a Cristo, ganhar os perdidos e edificar a igreja. Algumas abordagens são fiéis às Escrituras, enquanto outras são claramente contrárias aos padrões bíblicos, mas há espaço de sobra para variedade dentro da igreja.

Outro sinal de que há amor é a compaixão, uma empatia sincera em relação aos outros e suas necessidades. O termo “simpatia” tem origem nessa palavra grega. Não se pode endurecer o coração para o semelhante. Deve-se compartilhar tanto as alegrias quanto as tribulações (Rm 12:15). A base para isso é o fato de sermos irmãos e irmãs dentro da mesma família (ver 1 Pe 1:22; 2:17; 4:8; 5:14). Somos “por Deus instruídos que [devemos amar] uns aos outros” (1 Ts 4:9).

O amor revela-se na piedade, na ternura com o outro. No império romano, tal qualidade não era considerada admirável; mas a mensagem do evangelho mudou esse paradigma. Hoje, somos tão bombardeados por notícias ruins que é fácil criar uma couraça e ficar insensíveis. É preciso cultivar a compaixão e mostrar ativamente a outros que nos preocupamos com eles.

Também é preciso ser “humildes”, pois a humildade é a base para a gentileza, e a pessoa humilde pensa primeiro nos outros.

Não se deve apenas amar o povo de Deus, mas também amar os inimigos (1 Pe 3:9). Os destinatários desta carta passavam por certa perseguição pessoal por fazerem a vontade de Deus. Pedro adverte-os de que a perseguição oficial estava preste a começar, de modo que deveriam se preparar. A Igreja de hoje também deve se preparar, pois temos adiante tempos difíceis.

Como cristãos, vivemos em um de três níveis. É possível retribuir o bem com o mal – o nível satânico. É possível retribuir o bem com o bem e o mal com o mal – o nível humano. Ou é possível retribuir o mal com o bem – o nível divino. Jesus é o exemplo perfeito desta última abordagem (1 Pe 2:21­ 23). Como filhos amorosos de Deus, nossa filosofia não deve ser “olho por olho, dente por dente” (Mt 5:38-48), o fundamento da justiça. Devemos atuar com base na misericórdia, pois é assim que Deus nos trata.

É bem provável que essa admoestação tivesse um significado profundo para Pedro, pois, em certa ocasião, ele tentou lutar contra os inimigos de Jesus com uma espada (Lc 22:47-53). Antes de se converter, quando ainda era rabino, Paulo usou de todos os meios possíveis para se opor à Igreja; mas quando se tornou cristão, nunca usou armas humanas para lutar nas batalhas de Deus (Rm 12:17-21; 2 Co 10:1-6). Quando Pedro e os outros apóstolos foram perseguidos, confiaram na oração e no poder de Deus, não na própria sabedoria ou força (ver At 4:23ss).

Precisamos ser lembrados com frequência de nosso chamado como cristãos, pois isso nos ajuda a amar os inimigos e a lhes fazer o bem quando nos maltratam. Somos chamados para “[receber] bênção por herança”. As perseguições que sofremos na Terra hoje enriquecem nossa herança bendita de glória que desfrutaremos um dia no céu (Mt 5:10-12). Mas, ao tratarmos os inimigos com amor e misericórdia, também herdamos uma bênção hoje. Ao compartilhar uma bênção com eles, somos abençoados! A perseguição pode ser um tempo de enriquecimento espiritual para o cristão. Os santos e mártires da história da Igreja dão testemunho desse fato.

Devemos amar uns aos outros, amar os inimigos e amar a vida (1 Pe 3:10-12). A notícia da perseguição iminente não deveria levar o cristão a desistir da vida. Os tempos que, para o mundo, são “dias sombrios”, para o cristão podem ser “dias felizes”, se cumprir certas condições.

Em primeiro lugar, é preciso tomar o firme propósito de amar a vida. Trata-se de um ato da volição: “Pois quem quer amar a vida”. É uma atitude de fé capaz de ver o que há de melhor em cada situação. É o oposto da atitude pessimista expressa em Eclesiastes 2:17: “Pelo que aborreci a vida, […] tudo é vaidade e correr atrás do vento”. Podemos resolver suportar a vida e torná-la um fardo, escapar da vida como se estivéssemos fugindo da batalha, ou desfrutar a vida, porque sabemos que Deus está no controle. Pedro não sugere um tipo de exercício psicológico que afaste da realidade e faça negar os fatos. Antes, insta seus leitores a abordarem a vida de maneira positiva e pela fé, aproveitando ao máximo cada situação.

Em segundo lugar, é preciso controlar a língua. Muitos problemas da vida são causados por palavras erradas, ditas com o espírito errado. Todo cristão deve ler Tiago 3 com frequência e orar as palavras do Salmo 141:3 diariamente. Pedro sabia muito bem como são tristes as consequências das palavras impensadas! Não há lugar para mentiras na vida do cristão.

Em terceiro lugar, é preciso amar o bem e detestar o mal. Precisamos tanto do positivo quanto do negativo. O termo “apartar-se” significa não apenas “evitar”, mas “evitar alguma coisa porque a desprezamos e a consideramos repugnante”. Não basta evitar o pecado porque ele é errado. É preciso afastar-se dele por detestá-lo.

Por fim, é preciso buscar a paz e se empenhar por alcançá-la. “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5:9). Quem sai à procura de encrenca não terá dificuldade em encontrá-la. Não se trata de uma política de “paz a qualquer preço”, pois a paz deve sempre ser baseada na justiça (Tg 3:13-18). Significa apenas que o cristão deve usar de modera­ção ao se relacionar com as pessoas e não criar problemas só porque deseja que as coisas sejam feitas a sua maneira. “Se possí­vel, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens” (Rm 12:18). Por vezes, isso não é possível! Em Romanos 14:19 somos admoestados a trabalhar com afinco para obter a paz, pois ela não ocorre naturalmente.

– Mas e se nossos inimigos se aproveitarem de nós? – um cristão perseguido pode perguntar. – Talvez nós estejamos buscando a paz, mas eles estão procurando guerra!

Pedro assegura seus leitores de que os olhos do Senhor estão sobre seu povo, e seus ouvidos estão abertos para suas ora­ções (Pedro aprendeu essa lição ao tentar caminhar sobre as águas sem olhar para Jesus; Mt 14:22-33). Devemos confiar que Deus nos protegerá e proverá, pois somente ele pode derrotar nossos inimigos (Rm 12:17-21).

Essas citações de Pedro são do Salmo 34:12-15, de modo que pode ser proveitoso ler o salmo inteiro. Ele descreve o conceito divino de “dias felizes”. Não são, necessariamente, dias sem dificuldades, pois o salmista escreve sobre seus medos (SI 34:4), problemas (SI 34:6, 17), aflições (SI 34:19) e até mesmo sobre seu coração quebrantado (SI 34:18). Para um cristão que ama a vida, um “dia feliz” não implica ser mimado e protegido, mas sim experimentar o socorro e as bênçãos de Deus por causa dos problemas e das tribulações da vida. É um dia no qual ele engrandece ao Senhor (SI 34:1-3), recebe repostas a suas orações (SI 34:4-7), prova a bondade de Deus (SI 34:8) e sente a proximidade de Deus (SI 34:18).

Da próxima vez que pensar que está tendo um “péssimo dia” e detestar a vida, convém ler o Salmo 34, a fim de descobrir que, na verdade, está tendo um “dia feliz” para a glória de Deus!

2. VIVENDO SUJEITOS AO SENHORIO DE CRISTO (1 Pe 3 :13 – 15)

Estes versículos introduzem a terceira seção principal de 1 Pedro – a graça de Deus no sofrimento. Apresentam o princípio espiritual importante de que o temor do Senhor conquista todos os outros temores. Pedro cita Isaías 8:13, 14 para apoiar sua admoesta­ção: “Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração” (1 Pe 3:15).

O contexto das palavras de Isaías é significativo. Acaz, rei de Judá, enfrentava uma crise em função de uma invasão iminente do exército assírio. Os reis de Israel e da Síria queriam que Acaz se juntasse a eles em uma aliança, mas Acaz recusou-se, de modo que Israel e a Síria ameaçavam invadir Judá! Nos bastidores, Acaz aliou-se à Assíria. O profeta Isaías o advertiu sobre alianças ímpias e o instou a confiar que Deus daria o livramento. “Ao S e n h o r dos Exércitos, a ele santificai; seja ele o vosso temor, seja ele o vosso espanto” (Is 8:13).

Todo cristão enfrenta crises e é tentado a ceder aos medos e a tomar decisões erradas. Mas “[santificando] a Cristo como Senhor” no coração, jamais será preciso temer os homens ou as circunstâncias. O inimigo pode nos ferir, mas não nos derrotar. Somente nós mesmos podemos nos derrotar ao deixar de confiar em Deus. De modo geral, ninguém se opõe a nós quando fazemos o bem; mas mesmo se houver tal oposição, é melhor sofrer por aquilo que é justo do que comprometer o testemunho. Pedro trata desse tema em detalhes em 1 Pedro 4:12-19.

Se Jesus Cristo for o Senhor do coração, em vez de sentir medo diante do inimigo, é possível experimentar bênçãos. O termo “bem-aventurados” em 1 Pedro 3:14 é o mesmo empregado em Mateus 5:1 Oss. Trata-se de parte da “alegria indizível e cheia de glória” (1 Pe 1:8).

Quando Jesus Cristo é Senhor da vida, cada crise torna-se uma oportunidade para testemunhar. Estamos “sempre preparados para responder”. O termo apologia vem da palavra grega traduzida por “resposta” e significa “uma defesa apresentada em um tribunal“. A “apologética” é o ramo da teologia que trata da defesa da fé. Todo cristão deve ser capaz de defender de maneira fundamentada sua esperança em Cristo, especialmente em meio a situações desesperadoras. Quando o cristão age com fé e esperança, uma crise gera a oportunidade de testemunhar, pois essa diferença em atitude chama a atenção dos incrédulos.

O testemunho deve ser dado “com mansidão e temor [respeito]”, não com arrogância nem com uma postura de quem sabe tudo. Somos testemunhas, não advogados de acusação! Também é preciso estar certos de que a vida corrobora a apologia. Pedro não sugere que os cristãos argumentem com os incrédulos, mas sim que lhes apresentem de maneira amorosa um relato daquilo que crêem e os motivos para tais convicções. O objetivo não é ganhar uma discussão, mas sim ganhar almas perdidas para Cristo.

O que significa “[santificar] a Cristo como Senhor” no coração? Significa entregar tudo a ele e viver de modo a lhe agradar e a glorificá-lo. Significa maior temor de lhe desagradar do que medo do que os homens podem fazer. Essa abordagem simplifica a vida de maneira maravilhosa! Trata-se de uma combinação de Mateus 6:33 e de Romanos 12:1,2 em uma atitude diária de fé que obedece à Palavra de Deus apesar das consequências. Significa não se contentar com menos do que a vontade de Deus na vida (Jo 4:31-34). Um dos sinais de que Jesus Cristo é Senhor da vida é a prontidão com que testemunhamos a outros sobre ele e procuramos ganhá-los para Cristo.

3. MANTENDO UMA BOA CONSCIÊNCIA (1 Pe 3:16,17)

A palavra “consciência” vem de dois termos latinos: com, que tem o mesmo significado em nossa língua, e “saibamos como, que significa “saber”. A consciência é o árbitro interior que testemunha a nós, permitindo que “saibamos com”, aprovando ou censurando nossas ações (ver Rm 2:14, 15). A consciência pode ser comparada a uma janela que deixa entrar a luz da verdade de Deus. Se persistimos em desobedecer, a janela torna-se cada vez mais suja, até o ponto em que a luz não pode mais entrar. Isso leva a uma “consciência […] corrompida” (Tt 1:15). A consci­ência “cauterizada” é aquela contra a qual já se pecou tantas vezes que ela perde sua sensibilidade para o certo e o errado (1 Tm 4:2). A consciência pode encontrar-se de tal modo corrompida a ponto de aprovar quando a pessoa faz algo mau e de censurá-la quando faz algo bom! É isso o que a Bí­blia chama de “má consciência” (Hb 10:22).

O criminoso sente-se culpado se delata os amigos, mas se sente bem se consegue realizar um crime com sucesso!

A consciência depende do conhecimento, a “luz” que passa pela janela. Ao estudar a Palavra, o cristão passa a compreender melhor a vontade de Deus, e sua consciência torna-se mais sensível para o que é certo e errado. Uma “boa consciência” nos acusa quando pensamos ou fazemos algo errado e aprova quando fazemos algo certo. Manter a consciência forte e pura é algo que exige “esforço” (At 24:16). Sem crescer em conhecimento espiritual e em obediência, teremos uma “consciência fraca” (1 Co 8).

De que maneira uma boa consciência ajuda o cristão em tempos de tribulação e de oposição? Em primeiro lugar, o fortalece com coragem, pois ele sabe que sua vida está em ordem com Deus e com os homens, de modo que não há coisa alguma a temer. O monumento a Martinho Lutero em Worms, na Alemanha, traz a seguinte inscrição, com suas palavras de coragem proferidas diante do concílio da igreja em 18 de abril de 1521: “Esta é a minha posição; não posso agir de outra maneira. Que Deus me ajude. Amém”. Sua consciência vinculada à Palavra de Deus lhe deu coragem de desafiar toda a igreja como instituição!

Uma boa consciência também dá paz ao coração e, quando temos paz interior, é possível enfrentar as batalhas exteriores. A inquietação de uma consciência desconfortável divide o coração e esgota as forças de uma pessoa, impedindo que ela dê o melhor de si. Como é possível testemunhar de Cristo com ousadia quando a consciência está testemunhando contra nós?

Uma boa consciência remove o medo do que outros talvez saibam a nosso respeito e do que possam dizer ou fazer contra nós. Quando Cristo é Senhor e tememos somente a Deus, não é preciso ter medo de ameaças, opiniões ou ações de inimigos. “O S e n h o r está comigo; não temerei. Que me poderá fazer o homem?” (SI 118:6). Foi isso o que Pedro não conseguiu entender quando temeu o inimigo e negou o Senhor.

Pedro deixa claro que a consciência de per si não serve como teste para o que é certo ou errado. Uma pessoa pode praticar “o que é bom” ou praticar “o mal”. A pessoa que desobedece à Palavra de Deus e declara que isso é certo simplesmente porque sua consciência não a acusa está admitindo que há algo extremamente errado com sua consciência. A consciência é um guia seguro somente quando é instruída pela Palavra de Deus.

Na sociedade de hoje, a tendência é os cristãos serem, cada vez mais, alvo de acusa­ções e de mentiras. Nossos padrões pessoais são diferentes daqueles do mundo não cristão. Via de regra, os cristãos não criam problemas, mas apenas os revelam. Quando um cristão começa a trabalhar em um escritório ou se muda para um apartamento com colegas não cristãos, os problemas não custam a surgir. Os cristãos são luz em um mundo de trevas (Fp 2:15) e revelam as “obras infrutíferas das trevas” (Ef 5:11).

Quando José começou a servir como mordomo na casa de Potifar e se recusou a pecar, foi acusado falsamente e lançado na prisão. Os líderes do governo na Babilônia tramaram para colocar Daniel em apuros, pois sua vida e seu trabalho testemunhavam contra eles. Por meio de sua vida aqui na Terra, o Senhor Jesus Cristo revelou o cora­ção e os atos pecaminosos do povo e, por isso, foi crucificado (ver Jo 15:15-25). “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2 Tm 3:12).

A fim de manter uma boa consciência, é preciso tratar do pecado na vida e confessá-lo de imediato (1 Jo 1:9). Deve-se “manter a janela limpa” e gastar tempo com a Palavra de Deus para “deixar a luz entrar”. Uma consciência forte é resultante de obediência baseada em conhecimento. Torna o cristão uma testemunha vigorosa para os não salvos e lhe dá forças em tempos de perseguição e de dificuldades.

O sofrimento do cristão não deve ser decorrente de praticar o que é mau, e nenhum cristão deve se surpreender ao sofrer por praticar o que é bom. Nosso mundo está tão confuso que as pessoas “fazem da escuridade luz e da luz, escuridade” (Is 5:20). Os líderes religiosos do tempo de Jesus o chamaram de “malfeitor”, isto é, “alguém que faz aquilo que é mal” (Jo 18:29, 30). Como as pessoas podem enganar-se!

Quando a igreja enfrenta tempos difíceis, o melhor a fazer é cultivar o amor cristão, pois a ajuda e o encorajamento mútuos são mais necessários do que nunca. Também se deve manter uma boa consciência, pois ela fortalece a determinação e confere ousadia ao testemunho. O segredo é viver sujeitos ao senhorio de Jesus Cristo. Ao temer a Deus, não é preciso ter medo de homens. “A vergonha surge quando se teme os homens”, disse Samuel Johnson. “A consciência, por sua vez, nasce do temor a Deus.

Adp. WW/EVF

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

CALEBE, UM EXEMPLO DE FÉ

 


Calebe, um homem que decidiu em seguir ao Senhor

Josué 14.6-15

Calebe foi um herói da fé, sua vida é um exemplo de fé e perseverança para que hoje nós possamos continuar firmes nas promessas do Senhor independente das circunstâncias.

Este texto registra uma conversa entre Josué e Calebe, os dois únicos homens que confiaram nas promessas de Deus que daria para o povo de Israel uma terra com riqueza e abundância, enquanto os outros espias foram incrédulos. Eles saíram do Egito de maneira espetacular, atravessaram o deserto sendo alimentados todos os dias de forma milagrosa. Chovia alimento, o maná que Deus enviava para Israel todos os dias e até fez brotar água  da rocha para saciar a sede dos israelitas. Mas quando chegou a hora de tomar posse da terra prometida, os dez espias que foram enviados para olhar a terra de Canaã, ficaram com medo dos gigantes que habitavam aquela terra.

Dos doze homens enviados para espiar a terra, apenas dois: Josué e Calebe trouxeram uma visão positiva a respeito das possibilidades de conquistar aquela terra prometida pelo Senhor, pois eles decidiram em confiar em Deus.

O povo como sempre, ficou do lado da maioria, pois se deixaram levar pelo discurso dos dez espias. Preferiram acreditar no relato dos dez do que no relato de dois. Isso não é novidade, como a gente pode ver aqui, a maioria prefere a maioria.

Calebe não fez como a maioria que diante do relato dos homens tiveram medo, deixaram morrer sua fé e esperança. Aos oitenta e cinco anos o servo do Senhor Calebe afirma: “Estou pronto. Treinei esse tempo todo. Não desisti, não morri. Minha fé e esperança continuam aqui gerando perseverança. Estou pronto”. 

Calebe era representante da tribo de Judá entre os doze espias enviados por Moisés de Cades-Barneia para espiarem a terra Prometida. Josué representavam a tribo de Efraim na mesma missão. Eles eram os únicos espias que ainda viviam, de todos os Israelitas que saíram do Egito, por crerem na promessa de Deus e serem fiéis a Ele.

Moisés fez uma promessa a Calebe quando ele visitou a terra de Canaã como espia. O verso 9 registra esta promessa de Moisés a Calebe: “Certamente a terra em que puseste o pé será tua e de teus filhos, em herança perpetuamente; pois perseveraste em seguir o SENHOR meu Deus.”  Aqui está a chave para a felicidade. A perseverança é a chave. Com este homem de fé podemos aprender como reagir diante das adversidades e a extrema importância de perseverar no Senhor. Calebe foi um homem de fé:

I. PORQUE ELE NÃO SE DEIXOU LEVAR PELA INCREDULIDADE (Números 13.25-33).

Os próprios israelitas pediram a Moisés o envio de espias para saber como era a terra (Dt 1.22). Uma atitude desnecessária e incrédula da parte do povo, porque Deus já lhes havia falado que a terra da promessa era fértil e abundante. Que prova a mais esse povo necessitava? O povo não falhou diante da Terra Prometida, já havia falhado aqui, demonstrando incredulidade naquilo que Deus havia dito e preferido andar por vista em vez de agir por fé.

Moisés ouviu o conselho do povo e escolheu doze homens para espiar a terra de Canaã. Eles deveriam observar o local, expor um relatório completo de tudo que iriam presenciar e trazer sobre aquela terra (Nm 13.18-20).

Confiados apenas no que viram na terra de Canaã, sem atentar para o que ouviram da parte de Deus, deram ocasião a dúvida e assim desistiram de tomar posse da promessa (Pv 3.5, 6). Porque eles se deixaram levar por uma visão negativa e pessimista, não obstante a manifestação do poder de Deus sobre eles, pois no deserto Israel era protegido durante o dia por uma coluna de nuvem e a noite por uma coluna de fogo, de tal maneira que eles podiam caminhar de dia e de noite (Êxodo 13.21,22; 14.24; 40.38; Números 14.14; Neemias 9.12,19; Salmos 99.7; 105.39; 1 Coríntios 10.1). A coluna de nuvem protegia o povo do sol escaldante do deserto e a coluna de fogo aquecia e guiava o povo de Israel durante a noite. A Palavra de Deus nos diz que a coluna de fogo e de nuvem jamais se apartava dos israelitas (Êxodo 13.22), isto era a certeza da proteção e da orientação de Deus continuamente.

Os espias foram enviados para colher informações da terra prometida, não para fazer cálculos negativos de si mesmos, nem comparações acerca da estatura de seus moradores. Deus não disse nada a respeito, eles mesmos se inferiorizaram e disseram que não podiam (Nm 13.31-33). O problema todo estava na visão destes homens incrédulos. Todos temeram, inclusive Josué e Calebe. Mas eles viram a questão de outra forma e acreditavam no mesmo poder que os havia libertado do Egito (Nm 13.30). O discurso dos dez espias conduziu o povo a cair na incredulidade, na derrota, na perda da herança e no juízo de Deus. Tanto a confiança quanto a incredulidade contagiam. Podemos animar ou desanimar através de nossas palavras e atitudes (Js 14.8).

A incredulidade do povo fez com que o Senhor emitisse uma sentença (Nm 14.22, 23). Porém, com Calebe, o Senhor agiu de maneira diferente dizendo: “Porém o meu servo Calebe, porquanto nele houve outro espírito, e perseverou em seguir-me eu o levarei à terra em que entrou, e a sua descendência a possuirá em herança” (Nm 14.24).

II. PORQUE ELE DECIDIU OBEDECER A DEUS (Nm 14.24; Josué 14.7,8).

Meus irmãos, não obstante o relatório dos companheiros de Calebe e a atitude do povo, Calebe decidiu obedecer e seguir ao Senhor. Vede o que diz o texto: “Porém o meu servo Calebe, porquanto nele houve outro espírito, e perseverou em seguir-me eu o levarei à terra em que entrou, e a sua descendência a possuirá em herança” (Nm 14.24). Houve um momento em que Calebe teve que decidir entre seguir o povo ou seguir a Deus. Ele escolheu ser odiado pelo povo, tomando a firme decisão de eleger o Senhor como seu Deus. Calebe não quis seguir sua vontade própria, nem a dos demais. Ele decidiu por Deus, mesmo não sendo o caminho mais fácil.

Durante quarenta anos, ele e seu amigo Josué a andaram em círculo com seus irmãos, mesmo estando certo de que aquela era a terra de sua herança. Ele possuía motivos para desistir e desanimar, mas perseverou em seguir ao Senhor de todo o coração e Deus honrou a sua fé.

Podemos ver a luz da Palavra de Deus que Calebe tinha uma profunda confiança em Deus. Calebe era possuidor de uma confiança que subjugava o medo, as circunstâncias e a morte (Nm 14.9). Enquanto ele via o inimigo como pão, os outros dez se viam como gafanhotos. A incredulidade sempre encontra um porquê e maximiza o problema. Não há relato de que foram vistos com desprezo pelos filhos de Enaque, mas eles disseram: “éramos aos nossos olhos como gafanhotos, e assim também éramos aos seus olhos” (Nm 13.33). Eles incendiaram a alma do povo com um relato maior que a realidade e, por esse triste relatório, foram os primeiros a morrer (Nm 14.37).

O que aprendemos com Calebe não é a forma como vemos as coisas, mas como reagimos diante delas. Confiar em Deus não nos isenta de enfrentar problemas. Porém, se a perspectiva contém Deus e se é vista desde Sua ótica, tudo muda de forma radical. As circunstâncias enfrentadas serão as mesmas. Todavia, com Sua presença na batalha, teremos a força necessária para superar os obstáculos e ainda nos mantermos firmes até o final. A fé vê as circunstâncias através da ótica de Deus, foi esta a visão de Calebe (Nm 13.30; 14.9), também foi a visão de Davi quando enfrentou o gigante Golias (I Samuel 17.26b).

A incredulidade não vê Deus porque se fixa nas circunstâncias. Ela é caracterizada pela exclusão de Deus do seu raciocínio (Nm 13.31-33). Mas, quando o homem vive em obediência a Deus, não pode deixar de ver as lutas e os desafios de conformidade cm a ótica de Deus. Pois, se incluirmos Deus, todo o nosso raciocínio incrédulo se tornará anão diante de Sua maravilhosa e poderosa Presença (Hb 10.35-39).

Por que Deus conservou Calebe em vida? (Js 14.10). Primeiro, para sustentar o que havia prometido ao seu respeito acerca de sua entrada na Terra Prometida, porque certamente não o deixaria morrer sem que essa palavra se cumprisse. Segundo, porque no deserto o Senhor o fortalecia (Js 14.11). Calebe conhecia ao peso da Palavra do Senhor e sabia que, mesmo o deserto consumindo a todos, sua herança estava garantida (Nm 23.19). Quanto mais os anos se passavam, mais Calebe se fortalecia.

III. PORQUE ELE FOI UM HOMEM PERSEVERANTE (Josué 14.9-14)

Calebe não podia embasar sua confiança nos companheiros de missão, nem tampouco esperar qualquer reação de um povo impactado pelo medo. Ele teve que escolher entre seu povo e seu Deus. Perseverar foi para ele remar contra a maré e sofrer até que os dias de sentença se cumprissem. Mas, com ele podemos aprender que a perseverança é o segredo da vitória.

A perseverança nos contagia, porque não é fácil suportar quarenta e cinco anos de humilhação e manter-se com a mesma força e vitalidade (Dt 8.3). Calebe viveu pelo que acreditava e esse foi o segredo de sua inabalável fé e perseverança.

Calebe jamais pensou em desistir da terra que pisou o seu pé. Ele sabia que, mesmo habitada por gigantes, aquela era a terra de sua herança e, se Deus havia escolhido essa, não lhe importava outra (Dt 1.36). Calebe quis o plano original, descartou a possibilidade de um plano “b”, não permitindo que o tempo nem as circunstâncias aniquilassem aquela promessa. Calebe se destaca porque tinha em seu coração uma real convicção de que Deus estava dirigindo sua vida (Js 14.7). O próprio Deus afirmou que Calebe era homem de um espírito diferente, não somente por sua posição de fé, mas porque sua forma de agir e pensar se destacou diante dos demais (Nm 14.24).

Para muitas pessoas, a vida, além de ser uma tarefa difícil, algumas vezes pode ser absolutamente insuportável. E por que precisamos de perseverança? Porque ela é essencial, a única chave que pode abrir a porta da esperança (Rm 5.3-5). É mediante a perseverança que se constrói um caráter forte, sólido e esperançoso, que nos motiva a viver e lutar por nossos ideais.

Conta-se a história de um prisioneiro cristão que orava muito crendo que um dia seria liberto. Mas com o passar do tempo a sua esperança foi esvaindo-se. Já pensava que Deus o esquecera. Um dia, enquanto olhava a porta da cela, viu ali uma formiga subindo com uma folha várias vezes maior. Com muito esforço ela subiu um pouco, mas caiu com o peso da carga. A formiga voltou a subir carregando a folha. Caiu mais uma vez, mas pôs-se a subir novamente. Outras vezes era a própria folha que caía. Ela voltava, pegava a folha e retomava a subida. A formiga fez isso dezenas de vezes, muitas vezes tendo que recomeçar quando já estava bem perto de alcançar o seu objetivo. Então, aquele prisioneiro percebeu que a resposta à sua necessidade era perseverança e fé. Ele precisava ser firme na busca do seu alvo, crendo que de alguma maneira Deus o levaria até lá. Ele descobriu que precisava perseverar e crer.

Uma coisa é envelhecer no Senhor, outra bem diferente é crescer no Senhor, Calebe não somente envelheceu, ele conservou sua força através dos anos> Seria insano alguém ouvir o médico diagnosticar sua doença e pensar que, pelo fato de ter conversado com ele, o mal irá desaparecer repentinamente. Assim é a Palavra ouvida sem a prática (Tg 1.25). Infelizmente, Deus não ofereceu uma fórmula que produza cristãos amadurecidos da noite para o dia (Ef 4.13). Não há como fugir dos problemas, mas podemos nos preparar para confrontar nossos reveses, encará-los firmados em Cristo (Ef 6.10. 11).

CONCLUSÃO.

Calebe sofreu o desconforto de caminhar quarenta anos errante pelo deserto, por causa da desobediência dos seus irmãos. Mesmo assim, conservou suas forças e expulsou os mesmos gigantes que seus irmãos se recusaram a enfrentar. Calebe se distinguiu dos demais por ser perseverante e diferenciado. Que essas qualidades nos contagiem hoje! Que não venhamos a temer os desafios diante de nós, mas enfrentemos na dependência de Deus na certeza que ele é o Deus da providência. Nunca desista mas sejamos perseverantes para a glória de Deus.

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