quarta-feira, 29 de março de 2023

MARCAS DE UMA IGREJA RELEVANTE

 


Atos 2.1-47

O ateu e a Igreja incendiada

Havia um ateu que morava já há muito tempo ao lado de uma Igreja, passava pra lá, passava pra cá, e assim ia vivendo a sua vida.

O pastor e os membros daquela Igreja nunca se preocuparam em evangelizá-lo, e ele também nunca se preocupou em ouvir o evangelho.

Mas certo dia se iniciou um incêndio naquela Igreja, e o fogo já ia destruindo tudo, o ateu vendo a situação, pois se a ajudar a apagar o fogo, e pouco a pouco foram chegando os crentes para ajudarem a controlar o fogo.

Quando o pastor viu o ateu, ficou surpreso com a sua voluntariedade, então foi agradecê-lo e conversar com ele.

Pastor:_ Muito obrigado, por sua colaboração. Ateu: _Não foi nada, é sempre bom ajudar. Pastor:_Nossa é a primeira vez que te vejo aqui na Igreja. Ateu:_Mas também pastor, é a primeira vez que esta Igreja pega fogo.

Quantas Igrejas têm perdido a sua autenticidade e o fervor do Espírito Santo, igrejas mornas sem vida, sem graça, sem unção, que não faz a diferença, igrejas sem fé e sem obras, igrejas sem testemunho.

Atos dos Apóstolos é o primeiro livro da história da igreja cristã. Registra a caminhada da igreja de Jerusalém a Roma.

Atos desenvolve o esboço traçado por Jesus, o Senhor da Igreja, quando disse aos seus discípulos: E recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia, Samaria e até aos confins da terra (1.8).

Nos sete capítulos iniciais de Atos, vemos o avanço da igreja em Jerusalém e Judeia. No capítulo 8, o evangelho chega a Samaria. E a partir do capítulo 9, avança para os confins da terra.

William Barclay considera-o um dos mais importantes livros do Novo Testamento.1 Calvino o chamou de “um grande tesouro” e Martyn Loyd-Jones, de “o mais lírico dos livros”.2 O livro de Atos é a segunda parte de uma obra cujo primeiro volume é o Evangelho de Lucas.

Matthew Henry diz que as promessas feitas nos evangelhos têm seu cumprimento em Atos. A comissão dada aos apóstolos lá é executada aqui, e os poderes implantados lá são mostrados aqui em milagres feitos no corpo das pessoas: milagres de misericórdia, curando corpos doentes e ressuscitando corpos mortos.

John Stott diz que Atos é fundamental por causa de seus registros históricos e também por sua inspiração contem[1]porânea.8 Atos narra a história da igreja apostólica, desde os seus primeiros passos em Jerusalém até Roma, a cidade imperial.

Atos é um manual sobre o crescimento saudável da igreja. Vi[1]vemos num tempo de busca desenfreada pelo crescimento numérico da igreja.

O livro de Atos trata do crescimento espiritual e numérico da igreja. Para alcançar esse alvo, a igreja manteve, inseparavelmente, ortodoxia e piedade, doutrina e vida, palavra e poder. Ortodoxia sem piedade gera racionalismo estéril. Piedade sem ortodoxia produz misticismo histérico. Ao longo da história, a igreja várias vezes caiu num extremo ou noutro.

Ao estudarmos o livro de atos podemos aprender algumas lições especiais para que possamos ser uma igreja relevante nesta atualidade desafiadora. Uma igreja relevante é:

1-UMA IGREJA CHEIA DO ESPÍRITO SANTO (Atos 2.1-13)

Lucas é o evangelista que mais enfatiza a obra do Espírito Santo na vida de Jesus e da igreja. O mesmo Espírito que desceu sobre Jesus no Jordão, guiou-o no deserto e revestiu-o com poder para salvar, libertar e curar (Lc 3.21,22; 4.1,14,18) agora vem sobre os discípulos de Jesus (At 1.5,8; 2.33). Nos capítulos iniciais de Atos, Lucas refere- -se à promessa, à dádiva, ao batismo, ao poder e à plenitude do Espírito na experiência do povo de Deus.

O pastor Hernandes diz: “O Pentecostes não foi um acontecimento casual, mas uma agenda estabelecida por Deus desde a eternidade. Como o Calvário, o Pentecostes foi um acontecimento único e irrepetível”. O espírito foi enviado a igreja do Senhor para estar com ela independente das circunstâncias.

Em atos 2 podemos ver a descida do Espírito santo (At. 2.1-4), “Cristo subiu, e o Espírito Santo desceu. O Cristo ressurreto ascendeu aos céus e enviou o Espírito a fim de habitar para sempre com a igreja”.

Ao cumprir-se o dia de Pentecostes… A palavra pentecoste significa o quinquagésimo dia. Pentecostes era a festa que acontecia cinquenta dias após o sábado da semana da Páscoa (Lv 23.15,16), portanto era o primeiro dia da semana. E também chamado de Festa das Semanas (Dt 16.10), Festa da Colheita (Êx 23.16) e Festa das Primícias (Nm 28.26). Cristo ressuscitou como as primícias dos que dormem e durante quarenta dias deu provas incontestáveis de sua ressurreição com várias aparições a seus discípulos. Estavam reunidos a espera do Pentecostes (2.1b). … estavam todos reunidos no mesmo lugar. Os 120 discípulos estavam congregados no cenáculo em unânime e perseverante oração, quando, de repente, o Espírito Santo foi derramado sobre eles.

O derramamento do Espírito Santo foi um fenômeno celestial. Não foi algo produzido, ensaiado, fabricado. Aconteceu algo verdadeiramente do céu. Foi incontestável e irresistível. Foi soberano, ninguém pôde produzi-lo. Foi eficaz, ninguém pôde desfazer os seus resultados. Foi definitivo, ele veio para ficar para sempre com a igreja.

O pastor Hernandes destaca três fatos: Três fatos nos chamam a atenção. Primeiro, o derramamento do Espírito veio como um som (2.2). Não foi barulho, algazarra, falta de ordem, histeria, mas um som do céu. A palavra grega echos, usada aqui, é a mesma usada em Lucas 21.25 para descrever o estrondo do mar.72 O derramamento do Espírito foi um acontecimento audível, verificável, público, reverberando sua influência na sociedade. Esse impacto atraiu grande multidão para ouvir a Palavra.

Segundo, o derramamento do Espírito veio como um vento (2.2). O vento é símbolo do Espírito Santo (Ez 37.9,14; Jo 3.8). O Espírito veio em forma de vento para mostrar sua soberania, liberdade e inescrutabilidade. Assim como o vento é livre, o Espírito sopra onde quer, da forma que quer, em quem quer. O Espírito sopra onde jamais sopraríamos e deixa de soprar onde gostaríamos que ele soprasse. Como o vento, o Espírito é soberano; ele sopra irresistivelmente. O chamado de Deus é irresistível, e sua graça é eficaz. O Espírito sopra no templo, na rua, no hospital, no campo, na cidade, nos ermos da terra e nos antros do peca[1]do. Quando ele sopra, ninguém pode detê-lo.

Terceiro, o derramamento do Espírito veio em línguas como de fogo (2.3). O fogo também é símbolo do Espírito Santo. Deus se manifestou a Moisés na sarça em que o fogo ardia e não se consumia (Ex 3.2). Quando Salomão consagrou o templo ao Senhor, desceu fogo do céu (2Cr 7.1). No Carmelo, Elias orou, e fogo desceu (lR s 18.38,39). Deus é fogo. Sua Palavra é fogo. Ele faz dos seus ministros labaredas de fogo. Jesus batiza com fogo, e o Espírito desceu em línguas como de fogo. O fogo ilumina, purifica, aquece e alastra. Jesus veio para lançar fogo sobre a terra.

Certa feita alguém perguntou a Dwight Moody: “Como podemos experimentar um reavivamento na igreja?”. O grande avivalista respondeu: “Acenda uma fogueira no púlpito”. Quando gravetos secos pegam fogo, até lenha verde começa a arder. John Wesley disse: “Ponha fogo no seu sermão, ou ponha o seu sermão no fogo”.

Quarto, o derramamento do Espírito traz uma experiência pessoal de enchimento do Espírito Santo (2.4). Aqueles discípulos já eram salvos. Por três vezes Jesus havia deixado isso claro (Jo 13.10; 15.3; 17.12). De acordo com a teologia de Paulo, se eles já eram já salvos, já tinham o Espírito Santo, pois o apóstolo escreveu: […] Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele (Rm 8.9). Jesus disse: Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino (Jo 3.5).

A experiência da plenitude é pessoal (At 2.3,4). O Espírito desce sobre cada um individualmente. Cada um vive sua própria experiência. Ninguém precisa pedir, como as virgens néscias, azeite emprestado. Todos ficaram cheios do Espírito.

O fenômeno das línguas (2.4-13) O derramamento do Espírito Santo produziu o fenômeno das línguas. O Pentecostes foi o oposto de Babel. Em Babel as línguas eram ininteligíveis; no Pentecostes, não houve necessidade de interpretação. Em Babel houve dispersão; no Pentecostes, ajuntamento. Babel foi resultado de rebeldia contra Deus; Pentecostes, fruto da oração perseverante a Deus. Em Babel os homens enalteciam seu próprio nome; no Pentecostes, falavam sobre as grandezas de Deus.

A glossolalia de Atos 2 foi um fenômeno tanto de fala como de audição. Não foram sons incoerentes, mas uma habilidade sobrenatural para falar em línguas reconhecíveis. Assim, a expressão outras línguas poderia ser traduzida por “línguas diferentes da sua língua materna”. Os discípulos falaram línguas que ainda não haviam aprendido.

Três foram as reações da multidão com respeito ao milagre do Pentecostes:

1. Preconceito (2.7). Estavam, pois, atônitos e se admiravam, dizendo: Vede! Não são, porventura, galileus todos esses que aí estão falando? Os galileus eram recebidos em Jerusalém com grande preconceito. Eram pessoas de segunda classe. Os sulistas da Judeia consideravam gentios os nortistas da Galileia . A primeira reação ao Pentecostes foi de profundo preconceito.

2. Ceticismo (2.12). Todos, atônitos e perplexos, interpelavam uns aos outros: Que quer isto dizer? O milagre do derramamento do Espírito clareou a mente dos discípulos e turvou a mente dos céticos.

3. Zombaria (2.13). Outros, porém, zombando, diziam: Estão embriagados! Um grupo dentre a multidão rotulou o fenômeno das línguas como resultado de embriaguez. Confundiram a plenitude do Espírito como o enchimento de vinho.

2- PREGA O PODEROSO EVANGELHO DA GRAÇA (2.14-41)

O milagre pode atrair a multidão, mas não toca os corações. O milagre abre portas para o evangelho, mas não é o evangelho. Pedro se levantou para pregar uma mensagem eminentemente bíblica. A primeira coisa que Pedro fez foi esclarecer que aquele fenômeno extraordinário não era resultado da embriaguez, mas do cumprimento da profecia de Joel (2.28-32).

O evangelho é um só. Proclama a salvação pela graça mediante a fé, independentemente das obras. A salvação não é resultado da obra que fazemos para Deus, mas da obra que Deus fez por nós em Cristo Jesus, seu amado Filho.

Os tempos mudaram, mas Deus não mudou. As circunstâncias são outras, mas o evangelho é o mesmo. A forma de pregar pode ser repaginada, mas o conteúdo da pregação permanece inalterável. Não pregamos um Cristo que esteve vivo e agora está morto, mas o Cristo que esteve morto e agora está vivo. Pregamos o Cristo que padeceu por nossos pecados, mas triunfou sobre a morte e desbancou os principados e potestades na cruz. Pregamos o Cristo que ressuscitou e está assentado no trono; governa a igreja e tem as rédeas da história em suas mãos. Pregamos o Cristo que voltará em glória para colocar todos os seus inimigos debaixo de seus pés e reinar para sempre com sua igreja¹.

Certa feita, David Hume, o patrono dos agnósticos, foi visto correndo pelas ruas de Londres. Alguém o abordou: “Para onde você vai, com tanta pressa?”. O filósofo respondeu: “Vou ver George Whitefield pregar”. O questionador lhe perguntou, espantado: “Mas você não acredita no que ele prega, acredita?”. Hume respondeu: “Eu não acredito, mas ele acredita!”. Um crente cheio do Espírito prega a Palavra com poder e autoridade.

O padrão e os temas da mensagem pregada por Pedro tornaram-se comuns na igreja primitiva: a) a explanação dos eventos (2.14-21); b) o evangelho de Jesus Cristo — sua morte, ressurreição e exaltação (2.22-36); c) uma exortação para o arrependimento e batismo (2.37-40).

Em primeiro lugar, uma pregação cristocêntrica na sua essência. A mensagem de Pedro versou sobre a pessoa de Cristo e sua obra.

Uma igreja cheia do Espírito santo prega somente Jesus, a maior necessidade do homem hoje e sempre, pois sem Jesus, não há esperança, não há vida, muito menos salvação. Assim como Pedro pregou sobre: 1. A vida de Cristo (2.22). 2. A morte de Cristo (2.23). 3. A ressurreição de Cristo (2.24-32). 4. A exaltação de Cristo (2.33-35). 5. O senhorio de Cristo (2.36). Jesus é o Senhor do universo, da história e da igreja.

A pregação de Pedro explodiu como dinamite no coração da multidão. Produziu uma compulsão na alma. Foi um sermão penetrante. Uma pregação clara em suas exigências (2.38). Antes de falar sobre perdão, Pedro falou sobre culpa. Antes de falar sobre cura, ele revelou à multidão a sua doença. Antes de falar sobre redenção, falou sobre pecado. Antes de falar sobre salvação, mostrou que eles estavam perdidos em seus pecados. Antes de pregar o evangelho, mostrou-lhes a lei. Não há salvação sem arrependimento. Ninguém entra no céu sem antes saber que é um pecador.

Vemos hoje uma mudança desastrosa na pregação. Tem-se pregado muito sobre libertação e quase nada sobre arrependimento. Uma pregação vitoriosa quanto aos resultados (2.41). Quando há poder na pregação, vidas são salvas. A pregação de Pedro não apenas produziu conversões abundantes, mas também frutos permanentes.

Ao concluir essa exposição sobre o sermão de Pedro, John Stott destaca que Pedro enfocou a pessoa de Cristo.

3- VIVE DE FORMA DIFERENTE (2.42-47)

A VIDA DA IGREJA CHEIA DO ESPÍRITO SANTO (2.42-47) é diferente. A igreja de Jerusalém conjugava doutrina e vida, credo e conduta, palavra e poder, qualidade e quantidade. Hoje vemos igrejas que revelam grandes desequilíbrios. As igrejas que zelam pela doutrina não celebram com entusiasmo. As igrejas ativas na ação social desprezam a oração.

Quais são as marcas de uma igreja cheia do Espírito Santo?

Em primeiro lugar, uma igreja cheia do Espírito é comprometida com a fidelidade à Palavra de Deus (2.42). Ao longo da história houve muitos desvios da verdade: às heresias da Idade Média; a ortodoxia sem piedade; o Pietismo — piedade sem ortodoxia; os quacres — o importante é a luz interior; o movimento liberal — a razão acima da revelação.

Em segundo lugar, uma igreja cheia do Espírito é perseverante na oração (2.42). Uma igreja cheia do Espírito ora com fervor e constância. A igreja de Jerusalém não apenas possuia uma boa teologia da oração, mas efetivamente orava. Ela dependia mais de Deus do que dos próprios recursos:

Em terceiro lugar, uma igreja cheia do Espírito tem uma profunda comunhão (2.42,44-46). Em uma igreja cheia do Espírito os irmãos se amam profundamente. Na igreja de Jerusalém os irmãos gostavam de estar juntos (2.44). Eles partilhavam seus bens (2.45). Eles apreciavam estar no templo (2.46) e também nos lares (2.46b). Havia um só coração e uma só alma.

Em quarto lugar, uma igreja cheia do Espírito adora a Deus com entusiasmo (2.47). Uma igreja cheia do Espírito canta com fervor e louva a Deus com entusiasmo. O culto era um deleite. Eles amavam a casa de Deus. Uma igreja viva tem alegria de estar na casa de Deus para adorar. A comunhão no templo é uma das marcas da igreja ao longo dos séculos. O louvor da igreja era constante. Uma igreja alegre canta.

Em quinto lugar, uma igreja cheia do Espírito teme a Deus e experimenta os seus milagres (2.43). Uma igreja cheia do Espírito é formada por um povo cheio de reverência. Ela tem compreensão da santidade de Deus. Ela se curva diante da majestade de Deus. Hoje as pessoas estão acostumadas com o sagrado. Há uma banalização do sagrado. Há saturação, comercialização e paganização das coisas de Deus.

Em sexto lugar, uma igreja cheia do Espírito tem a simpatia dos homens e a bênção do crescimento numérico por parte de Deus (2.47). Essa igreja é simpática e amável. Ela é sal e luz. E boca de Deus e monumento da graça. Essa igreja tem qualidade e também quantidade. Cresce para o alto e também para os lados. Mostra vida e também números. A igreja crescia diariamente por adição de vidas salvas e por ação divina. Vejamos o cresci[1]mento da igreja: • Atos 1.15: 120 membros; • Atos 2.41: três 3 mil membros. • Atos 4.4: cinco 5 mil membros. • Atos 5.14: Uma multidão é agregada à igreja. • Atos 6.7: O número dos discípulos é multiplicado. • Atos 9.31: A igreja se expande para a Judeia, Galileia e Samaria. • Atos 16.5: Igrejas são estabelecidas e fortalecidas

Conclusão

Portanto, como podemos ver o livro de "Atos é um livro para ser estudado não como uma história remota e distante, mas como um desafio presente", pois se queremos ser uma igreja relevante nesta atualidade, precisamos ser cheios do Espírito Santo para sair das quatro paredes, e proclamarr somente Jesus, qe é o verdadeiro evangelho e firmados nele nós não iremos apenas pregar, mas viver o que pregamos e assim veremos o reino de Deus crescendo e a Palavra prevalecendo, para honra e glória de Deus.


Pr. Eli Vieira

segunda-feira, 27 de março de 2023

UMA VISÃO DO CRESCIMENTO DA IGREJA


 

O texto de 2 Reis 6.1-7 ensina alguns princípios importantes sobre o crescimento da obra de Deus. O contexto está ligado com a escola de profetas nos dias do profeta Eliseu, discípulo de Elias. O professor era um homem comprometido com a Palavra e com a oração. Nesse tempo, os milagres de Deus eram operados, confirmando a palavra dos profetas. Em virtude desse exemplo, havia muitos jovens sendo vocacionados para o profetismo em Israel. Quando os professores andam com Deus, eles motivam outros a também conhecerem a intimidade de Deus. O seminário estava pequeno para o crescimento da demanda vocacional. Uma espécie de reavivamento estava acontecendo na casa de profetas. Não era tempo de estagnar o ímpeto vocacional nem dispensar novos estudantes. Era tempo de alargar as fronteiras, ampliar a tenda, criar mais vagas e ver o crescimento da obra. O texto em tela enseja-nos alguns princípios sobre o crescimento da igreja. Vejamos:

Em primeiro lugar, é preciso ter uma visão de empreendedorismo e crescimento. Em vez de dispensar os novos candidatos que estavam sendo despertados para a vocação profética, os seminaristas resolveram ampliar as dependências do seminário. Eles foram empreendedores e resolveram trabalhar para ampliar a casa de profetas. O crescimento da igreja começa com a visão de líderes que desejam vê-la crescer e que trabalham para isso. Precisamos de líderes que estão gratos pelo que já alcançaram, mas não conformados com o que já obtiveram. A igreja tem o tamanho da visão de seus líderes. Se Deus amou o mundo, nossa visão não pode ser menor do que o mundo. Se Jesus morreu para comprar com o seu sangue os que procedem de todos os povos, línguas e nações, precisamos ampliar nossa visão de crescimento. Não podemos nos acomodar. Precisamos subir nos ombros dos gigantes e ter a visão do farol alto. Precisamos empreender e alargar as estacas da nossa tenda. A igreja pode crescer, deve crescer e precisa crescer.

Em segundo lugar, precisamos nos unir com pessoas que têm a mesma visão de crescimento. Os alunos da escola de profetas compartilharam a visão com Eliseu e o convidaram a participar com eles do projeto de expansão. Precisamos nos unir com pessoas que amam ao Senhor e desejam ver o crescimento da obra. Precisamos de parcerias inspiradoras. Ninguém realiza grandes projetos sozinho. Somos um corpo, uma equipe. Precisamos da cooperação de todos. O projeto de crescimento da igreja não é adição, mas multiplicação. Se todos colocarem a mão no arado; se todos se envolverem; se todos estivem motivados e trabalhando com o mesmo propósito e com a mesma motivação, a igreja avançará e alargará sua tenda.

Em terceiro lugar, precisamos de ferramentas adequadas para fazer a obra. Os estudantes empunharam machados afiados. Cada um tinha um machado nas mãos. Eles foram cortar árvores para ampliar a casa de profetas e precisavam de ferramentas adequadas. O machado tem o poder do corte. O machado é o instrumento. O machado é um símbolo do poder do Espírito. Sem essa ferramenta não conseguimos atingir nosso objetivo de expandir a casa de Deus. Não fazemos a obra de Deus com a força do braço da carne. Não é por força nem por poder, mas pelo Espírito de Deus que realizamos a obra de Deus.

Em quarto lugar, precisamos compreender que enquanto trabalhamos na obra acidentes de percurso podem acontecer. Enquanto um moço de Eliseu derrubava um tronco o machado caiu na água e foi parar no fundo do rio Jordão. O jovem profeta se desesperou e disse: “Ai! Meu Senhor! Porque era emprestado”. No trabalho também enfrentamos perdas, dores, baixas e acidentes. Nem sempre lidamos com situações favoráveis. Perdas, prejuízos, doenças, fragilidades nos assaltam, mesmo quando estamos na lida. As crises podem nos pegar de surpresa, porém, não deixam nosso Deus em apuros. Elas são pedagógicas. Nossas crises são oportunidades para Deus nos demonstrar sua providência milagrosa.

Em quinto lugar, precisamos recorrer ao extraordinário de Deus quando chegamos ao fim dos nossos recursos. O moço recorreu a Eliseu e Eliseu cortou um pau e lançou-o no rio e fez flutuar o machado. Então, o moço estendeu a mão e o apanhou. Enquanto fazemos a obra, Deus opera suas maravilhas. Quando chegamos ao fim dos nossos recursos Deus opera o extraordinário. A igreja nunca pode perder a expectativa do extraordinário de Deus no ordinário da vida.
É tempo de avançarmos! É tempo de alargar nossas fronteiras! É tempo de crescimento!


Rev. Hernandes Dias Lopes

TÃO GRANDE AMOR

 


“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).

O texto em destaque é considerado a miniatura da Bíblia. Encerra a essência do evangelho. Cada palavra tem uma tonelada de graça. Expressa o grande amor de Deus ao mundo. Quatro verdades devem ser aqui destacadas:

Em primeiro lugar, o maior doador. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira…”. Deus é o maior doador. Ele é o único Deus vivo e verdadeiro. Ele é autoexistente, infinito, imenso, eterno, imutável, onisciente, onipresente, onipotente, transcendente, soberano. Os povos têm seus deuses, forjados pela imaginação humana e cinzelados pelos artífices. Porém, esses deuses, por mais antigos ou populares, não passam de ídolos. Há um só Deus verdadeiro. Ele é Espírito. Ele é luz. Ele é amor. Não há maior privilégio do que ser amado por Deus. Não há maior dádiva do que ser o alvo desse amor incomensurável e inefável. As palavras humanas não podem descrever toda a profundidade desse amor. A poesia é pobre demais para enaltecer os atributos desse amor. Como expressa o poeta: “Ainda que todos os mares fossem tinta; ainda que todas as nuvens fossem papel; ainda que todas as árvores fossem caneta; e, ainda que todos os homens fossem escritores, nem mesmo assim, se poderia descrever o grande amor de Deus.

Em segundo lugar, a maior dádiva. “… que deu o seu Filho unigênito…”. Deus deu o seu melhor, Deus deu tudo, Deus deu a si mesmo, Deus seu o seu Filho unigênito. Deu-o não para vir ao mundo e ser aplaudido pelos homens; deu-o não para ser alvo dos efusivos encômios da humanidade. Deu-o não para vir ao mundo e pisar os tapetes aveludados do luxo. Deu-o não para receber os favores da terra. Ao contrário, deu-o como oferta pelo nosso pecado. Deu-o para ser o nosso representante, substituto e fiador. Deu-o para morrer pelos nossos pecados. Jesus, o Filho unigênito de Deus, desceu da glória, esvaziou-se a si mesmo, assumiu a forma de servo, humilhou-se até à morte e morte de cruz. Sendo ele, santo, santo, santo foi feito pecado por nós. Sendo ele bendito eternamente, se fez maldição para tornar-nos benditos. Sendo ele imaculado, carregou sobre o seu corpo, no madeiro, os nossos pecados. Sendo ele o autor da vida, morreu na cruz para nos salvar. Oh, sublime amor! Oh, dádiva bendita!

Em terceiro lugar, o maior necessitado. “… porque Deus amou ao mundo…”. O amor de Deus por nós é abundante, imerecido e comprovado. O que é admirável não é que Deus amou ao mundo, por ser ele tão grande, mas por ser tão pecador. A causa do amor de Deus por nós não está em nós, mas nele mesmo. Ele nos amou quando éramos fracos, ímpios, pecadores e inimigos. Ele nos deu vida e nos fez assentar com Cristo nas regiões celestes quando éramos escravos da carne, do mundo e do diabo. Ele prova seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo Jesus morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Se Deus não nos tivesse amado, estaríamos arruinados. Se ele não nos tivesse dado seu Filho, estaríamos perdidos.

Em quarto lugar, o maior propósito. “… para que todo o que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna”. O propósito de Deus em amar-nos é nossa salvação. O propósito é claro. Há pela frente duas possibilidades: perdição eterna ou vida eterna. Aquele que crê em Jesus tem a vida eterna, já passou da morte para vida. Aquele, porém, que se mantém rebelde contra Jesus não verá a vida e não terá como escapar da ira vindoura. O céu é um estado e um lugar de bem-aventurança eterna para todos aqueles que creem no Senhor Jesus. O inferno é um estado e um lugar de tormento eterno preparado para o diabo e seus anjos. Se agora mesmo você crer em Jesus, você não perece, mas tem a vida eterna!

Rev. Hernandes Dias Lopes

sábado, 11 de março de 2023

UMA NUVEM SE LEVANTA DO MAR

 


“Elias, porém, subiu ao cimo do Carmelo, e, encurvado para a terra, meteu o rosto entre os joelhos, e disse ao seu moço: Sobe e olha para o lado do mar. Ele subiu, olhou e disse: Não há nada. Então, lhe disse Elias: Volta. E assim por sete vezes. À sétima vez disse: Eis que se levanta do mar uma nuvem pequena como a palma da mão do homem” (1Rs 18.42-44).

O profeta Elias orava no monte Carmelo, clamando aos céus as chuvas torrenciais para dessedentar a terra e restaurar a sorte da nação depois de três anos e meio de seca severa. Na sétima vez que clamou ao Senhor, seu moço viu uma nuvem, do tamanho da palma de uma mão, que subia do mar. Elias, entendeu que era a promessa de uma chuva copiosa que se aproximava.

O Brasil vive tempos de sequidão e os Elias de Deus estão orando por uma poderosa visitação de Deus nesse tempo. A crise está instalada em todos os setores da sociedade: do palácio ao parlamento, das cortes às escolas, das igrejas às famílias. Cresce a impiedade. Agiganta-se a iniquidade. A injustiça desfila nas ruas. A imoralidade desfralda suas bandeiras. A desonestidade está nas ruas. A violência assusta a nação. Nesse deserto de virtudes e nesse campo minado de integridade, sentimo-nos acuados por aqueles que deveriam nos defender. Fracassa o braço da carne. Entra em colapso o sistema garantidor da ordem e da justiça. Aqueles que violam as leis e auferem gordas vantagens de esquemas de corrupção recebem as benesses dos magistrados e desfilam garbosos como beneméritos da sociedade. Aqueles que deveriam legislar para o bem do povo, deixam-se vender por dinheiro e corrompem seu mandato. Aqueles que deveriam governar para o bem do povo, blasonam discursos populistas para promover aquilo que traz mais desespero para a nação.

Nesse ambiente cinzento de tantas sinuosidades morais, a nação geme sob látego da desesperança. Não há a quem recorrer. Prevalece as nulidades enquanto a virtude escasseia. As igrejas cristãs, que deveriam manter-se focadas no seu chamado de anunciar o evangelho, não raro, imiscuem-se também em bandeiras alheias à sua vocação e perdem sua vitalidade. É nessa hora de ameaça à nação, que à semelhança de Elias, devemos nós subir à presença do Senhor e nos humilharmos até ao pó, clamando pelas chuvas do avivamento. A saída para o Brasil não está na plataforma política nem apenas numa política de recuperação econômica. Só uma intervenção soberana de Deus pode erguer nosso país do caos político, moral e espiritual. Precisamos de um avivamento espiritual que desperte a igreja e impacte o mundo. Precisamos das chuvas restauradoras do alto para regar os corações sedentos e aflitos.

Elias confrontou o rei Acabe, o povo e os profetas de Baal. Elias não deu outros nomes a Baal, mas removeu Baal do caminho. Entre as chuvas de Deus e a terra seca havia um obstáculo que precisava ser removido. Baal precisava ser eliminado. Depois de mostrar, com sinais eloquentes, que só o Senhor é Deus, Elias subiu para o cume do monte Carmelo para clamar pelas torrentes do céu. Elias orou com humildade e perseverança. Orou até as chuvas descerem. Elias falou do poder de Deus e o experimentou. De igual modo, a maior necessidade da igreja é preparar o caminho do Senhor e clamar aos céus por um grande avivamento. É tempo de buscarmos ao Senhor até que ele venha. É tempo de orarmos até que uma nuvem se forme no horizonte. É tempo da igreja perseverar em oração até que do alto sejamos revestidos de poder. É tempo de vermos uma igreja restaurada pelo Espírito Santo e uma nação alcançada pelo evangelho da graça. Que venham as chuvas da graça sobre nós!

Rev. Hernandes Dias Lopes

O PRIMEIRO CULTO PROTESTANTE NO BRASIL

 


Alderi Souza de Matos

Cabe aos presbiterianos a honra de terem realizado o primeiro culto evangélico na história do Brasil e das Américas. Esse evento singular ocorreu há 466 anos em uma pequena colônia fundada pelos franceses na baía de Guanabara.

1. A França Antártica

Após o descobrimento do Brasil, Portugal demorou a interessar-se pela ocupação e colonização dos novos domínios. Com isso, a colônia atraiu a atenção de outras nações europeias, especialmente a França. Após a experiência mal-sucedida das capitanias hereditárias e as constantes incursões estrangeiras, a coroa portuguesa resolveu tomar providências concretas. Em 1549 enviou o primeiro Governador-Geral do Brasil, Tomé de Souza, que se instalou na nova cidade de Salvador. Todavia, o controle da imensa costa era ainda muito limitado. Foi nesse contexto que o militar e aventureiro Nicolas Durand de Villegaignon teve a ideia de fundar uma colônia em uma região bem conhecida dos franceses: a baía de Guanabara.

Villegaignon aproximou-se do vice-almirante Gaspard de Coligny, um dos principais conselheiros do reino francês, que nutria fortes simpatias pela Reforma. Com isso, conseguiu o apoio do rei Henrique II (1547-1559), que lhe forneceu dois navios aparelhados e recursos para a viagem. A expedição chegou à Guanabara no dia 10 de novembro de 1555, sendo bem recebida pelos índios tupinambás, acostumados com a presença de franceses na região. O grupo instalou-se na pequena ilha de Serigipe (hoje ao lado do Aeroporto Santos Dumont), mais tarde denominada ilha de Villegaignon, onde foi construído o Forte Coligny.

2. A vinda dos reformados

Diante de várias dificuldades surgidas, Villegaignon escreveu à Igreja Reformada de Genebra solicitando o envio de pastores e colonos para implantarem a fé reformada entre os franceses e evangelizarem os indígenas. Coligny convidou para liderar o grupo um ex-vizinho seu, Filipe de Corguilleray, conhecido como Senhor Du Pont. Por sua vez, João Calvino e seus colegas alegremente escolheram para acompanhar os colonos os pastores Pierre Richier (50 anos) e Guillaume Chartier (30 anos).

Os huguenotes que os acompanharam foram Pierre Bourdon, Matthieu Verneil, Jean du Bourdel, André Lafon, Nicolas Denis, Jean Gardien, Martin David, Nicolas Raviquet, Nicolas Carmeau, Jacques Rousseau e o sapateiro Jean de Léry, o cronista da viagem, que mais tarde iria publicar o famoso livro Viagem à Terra do Brasil (1578). Eram ao todo 14 pessoas. O grupo deixou Genebra em 16 de setembro de 1556. Após visitarem o almirante Coligny, seguiram para Paris, onde outros se uniram à comitiva. Alguns pensam que entre eles estava Jacques Le Balleur. No dia 19 de novembro embarcaram para o Brasil no porto de Honfleur, na Normandia.

A frota de três navios, comandada por Bois Le Conte, sobrinho de Villegaignon, levava cerca de 290 pessoas, inclusive algumas mulheres. Como de costume, a viagem foi muito penosa. A certa altura, diante da situação em que se achavam, os reformados recitaram o Salmo 107 (ver os vv. 23-30). No dia 7 de março de 1557, os viajantes finalmente entraram no “braço de mar” chamado Guanabara pelos selvagens e Rio de Janeiro pelos portugueses.

3. O primeiro culto

O desembarque no forte Coligny deu-se no dia 10 de março, uma quarta-feira. O vice-almirante recebeu o grupo afetuosamente e demonstrou alegria porque vinham estabelecer uma igreja reformada. Logo em seguida, reunidos todos em uma pequena sala no centro da ilha, foi realizado um culto de ação de graças, o primeiro culto protestante ocorrido no Novo Mundo (Américas).

O ministro Richier orou invocando a Deus. Em seguida foi cantado em uníssono, segundo o costume de Genebra, o Salmo 5: “Dá ouvidos, Senhor, às minhas palavras”. Esse hino constava do Saltério Huguenote, com metrificação de Clement Marot e melodia de Louis Bourgeois, e até hoje se mantém nos hinários franceses. Bourgeois foi diretor de música da Igreja de Genebra de 1545 a 1557 e um dos grandes mestres da música francesa no século 16. A versão mais conhecida em português (“À minha voz, ó Deus, atende”) tem música de Claude Goudimel (†1572) e metrificação do Rev. Manoel da Silveira Porto Filho.

Em seguida, o pastor Richier pregou um sermão com base no Salmo 27:4: “Uma coisa peço ao Senhor e a buscarei: que eu possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo”. Após o culto, os huguenotes tiveram sua primeira refeição brasileira: farinha de mandioca, peixe moqueado e raízes assadas no borralho. Dormiram em redes, à maneira indígena. A Santa Ceia segundo o rito reformado foi celebrada pela primeira vez no domingo 21 de março de 1557.

4. Eventos posteriores

Infelizmente, o vice-almirante acabou entrando em conflito com os huguenotes sobre questões doutrinárias e os expulsou da colônia. Em 4 de janeiro de 1558, eles partiram para a França a bordo de um velho navio. O comandante avisou que a viagem iria ser difícil e não haveria alimento para todos. Diante disso, cinco huguenotes se ofereceram para voltar à terra. Inicialmente Villegaignon os recebeu de modo cordial, mas logo os acusou de serem traidores e espiões. Formulou um questionário sobre pontos doutrinários e lhes deu doze horas para responderem por escrito. O resultado foi a bela Confissão de Fé da Guanabara ou Confissão Fluminense.

O almirante declarou heréticos vários artigos e decidiu pela morte dos reformados. No dia 9 de fevereiro de 1558, Jean du Bourdel, Matthieu Verneil e Pierre Bourdon foram estrangulados e lançados ao mar. André Lafon foi poupado devido às suas vacilações religiosas e ao fato de ser o único alfaiate da colônia. Jacques Le Balleur fugiu e foi para São Vicente. Levado preso para a Bahia, ficou encarcerado por oito anos, sendo então conduzido ao Rio de Janeiro, onde foi enforcado. Ele e seus companheiros ficaram conhecidos como os mártires calvinistas do Brasil.

O GETSÊMANI DA VIDA

 


            O Jardim do Getsêmani foi o lugar da agonia de Jesus. Ali havia uma prensa de azeite, onde as azeitonas eram amassadas, para se extrair o óleo que servia de combustível para as lamparinas. Foi nesse jardim, no sopé do monte das Oliveiras, que Jesus se entristeceu, orou, chorou e sangrou. Foi ali que ele travou mais titânica batalha da humanidade. Foi ali que ele, em lágrimas, rogou ao Pai para passar dele o cálice. Foi ali que ele se prostrou com o rosto em terra e, de forma perseverante, orou e se sujeitou à vontade do Pai. Foi ali que ele foi consolado por um anjo e fortalecido pelo Pai, para caminhar vitoriosamente para a cruz.

            No Getsêmani, Jesus enfrentou severa angústia. Essa angústia teve três níveis. Vejamos:

            Em primeiro lugar, Jesus admite sua angústia para si mesmo (Mt 26.37). “E, levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se”. Qual foi a causa da tristeza e da angústia de Jesus? Angustiou-se porque sabia que seria preso, julgado e condenado? Angustiou-se porque sabia que seria esbordoado e cuspido pelos membros do sinédrio judaico? Angustiou-se porque sabia que seus discípulos o abandonariam? Angustiou-se porque sabia que Judas o trairia, Pedro o negaria e Pilatos o sentenciaria a pena de morte? Angustiou-se porque sabia que seria pregado na cruz como um malfeitor? A resposta é mil vezes não! Angustiou-se porque sabia que sendo o Amado do Pai, seria abandonado por ele na cruz. Angustiou-se porque sendo santo, santo, santo seria feito pecado por nós. Angustiou-se porque sendo bendito eternamente, seria feito maldição, para que fôssemos benditos eternamente.

            Em segundo lugar, Jesus admite sua angústia para seus discípulos (Mt 27.38). “Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo”. Muitas coisas, Jesus falou às multidões. Outras, falou apenas para seus discípulos. Quando foi tomado de tristeza e angústia, revelou isso apenas aos seus três discípulos mais chegados, Pedro, Tiago e João. Mas, quando chorou e suou sangue, fez isso sozinho. Aqui Jesus revela sua perfeita humanidade. Mesmo sabendo que ao se ferir o pastor, as ovelhas ficariam dispersas. Mesmo tendo pleno conhecimento de que Judas o trairia e Pedro o negaria, Jesus ordena a seus discípulos a ficarem com ele e a vigiarem com ele. Aquilo que era uma experiência íntima e pessoal, agora, é uma realidade compartilhada com seus discípulos mais próximos. Infelizmente, os discípulos não passaram no teste. Enquanto Jesus travava a mais renhida batalha em favor da nossa alma, seus discípulos se agarraram no sono. Em vez de vigiarem, dormiram; em vez de ficarem com Jesus, fugiram acovardados.

            Em terceiro lugar, Jesus admite sua angústia para o Pai (Mt 27.39). “Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice. Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres”. Jesus já havia admitido sua tristeza para si e para seus discípulos. Agora, admite-a diante do Pai. A batalha mais pesada foi travada no interior do Getsêmani, quando sozinho, Jesus prostrou-se com o rosto em terra, clamando ao Pai para passar dele o cálice. Três vezes Jesus orou, pedindo ao Pai a mesma coisa. Ele ofereceu, numa luta de sangrento suor, forte clamor e lágrimas àquele que poderia livrá-lo da morte. No Getsêmani, porém, Jesus sujeitou-se à vontade do Pai, e sorveu cada gota daquele cálice amargo da ira de Deus que deveria cair sobre nós. Ele tomou o nosso lugar como nosso representante e fiador. Ele levou sobre si as nossas iniquidades. Ele morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras. Agora, pela sua morte temos vida; pelo seu sangue temos redenção, pelo seu sacrifício temos plena salvação.

Rev. Hernandes Dias Lopes

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