quarta-feira, 31 de agosto de 2022

QUEM É ESCOLHIDO, NÃO TEM ESCOLHA

 


1 Pedro 2.1-10

UM MESTRE RARO

Um conto:
“Em uma cidade remota, vivia um homem de raros dons. Era um famoso escultor e praticava também as artes marciais. É preciso mencionar que tanto em uma como outra era um verdadeiro mestre.

Lamentavelmente vários de seus amigos não o entendiam. Alguns criam que para ser escultor era necessário um caráter doce e manso. O resto pensava que um praticante de caratê devia ser um homem duro, violento e de quem todos tivessem medo.

Convidou, então, a todos os seus amigos. Queria que observassem suas habilidades.

Antes que os amigos chegassem à reunião, o homem tomou uma massa de barro e a dividiu em duas partes. Com o primeiro pedaço moldou uma formosa escultura. Tratava-se de um conjunto de pessoas, animais e flores num grande bosque. Pintou a obra de arte e a endureceu no forno. Com o outro pedaço de barro construiu um bloco sem forma e também o cozeu.

Os amigos chegaram no dia marcado e ele decidiu retirar primeiro a escultura.

– Que sensível e doce és! Tua obra é mui fina! Exclamaram maravilhados os presentes.

Respondeu o mestre:

_ Obrigado pelo elogio! Porém, na realidade não somente me dedico à escultura.
A resposta do artista deixou muitos de seus amigos perplexos. Dirigiu-se a seu ateliê e trouxe até o lugar onde as pessoas estavam reunidas, o grande pedaço de barro cozido.

_ Existem outras artes que não requerem sensibilidade, disse com voz grave.

Depois de alguns segundos, lançou um grito e com sua mão estendida rompeu de um só golpe todo o bloco solidificado.

Aqueles que assistiram, se deram conta do que o mestre lhes comunicava. A verdade é que ele era sensível e doce, porém, também era forte. Era melhor ser seu amigo.

Deus é como este artista. Alguns o vêem como um pai amoroso que não faria dano a ninguém; outros o percebem como um Deus que estabelece justiça, castigo e repreende. No entanto, nenhum dos grupos pensa corretamente. O apóstolo Paulo tinha a ideia correta de Deus: “considerai, pois, a bondade e a severidade de Deus” (Rm 11.22). No conto mencionado, o barro moldado representa os eleitos e o bloco sem forma os reprovados.

Se bem que a misericórdia de Deus não poderia manifestar-se sem a existência de pecadores, tão pouco o justo juízo de Deus poderia igualmente se evidenciar sem a existência de condenados. Devemos amar e temer a nosso Deus a misericórdia e a justiça divinas se completam; não se contradizem e dependem uma da outra. São como os dois lados de uma mesma moeda; a moeda se chama “predestinação” e os dois lados, “eleição” e “reprovação”.

A nossa eleição é um ato da livre graça de Deus para vivermos em Cristo para a glória do Pai. Deus na sua infinita graça não deixou todos perecerem no estado de pecado e miséria.

O apóstolo Pedro , após falar sobre o estilo de vida dos salvos, passa a tratar do crescimento espiritual dos que  foram escolhidos por Deus. Por meio da conjunção portanto, o trecho se conecta ao anterior.

A salvação será consumada na segunda vinda de Cristo. Nós, que já entramos no reino da graça, aguardarmos com vívida esperança o triunfo do nosso Salvador, quando ele colocará todos os inimigos debaixo dos seus pés e nos levará para seu reino de glória.

     Esse povo escolhido  precisa desenvolver a salvação. Pedro elenca no texto os passos necessários para  vivermos como povo escolhido de Deus. Os escolhidos por Deus foram:

  1. CHAMADOS PARA SER DIFERENTES DO MUNDO (1 Pe 2.1)

Como povo escolhido por Deus precisamos viver de forma diferente, por isso precisamos abandonar o pecado para que assim possamos crescer espiritualmente. O crescimento espiritual vem por meio da ruptura com práticas de pecaminosas que marcaram nossa vida antes de nosso encontro com Cristo. Vivíamos uma vida vazia e fútil. Éramos escravos de nossas paixões.

Andávamos num caminho de escuridão. Agora somos novas criaturas em Cristo e fomos gerados pela Palavra; não podemos mais continuar andando na prática dos mesmos pecados. Precisamos arrancar da nossa vida esses pecados como se fossem trapos imundos. Todos os cinco pecados alistados apresentam uma relação horizontal, ou seja, têm que ver com nossos relacionamentos interpessoais. Que pecados são esses dos quais precisamos despojar-nos?

Poderíamos afirmar que maldade é a atitude intencional de fazer o mal contra o próximo, e dolo é a intenção de fazer o mal, ocultando isso nas palavras e nos gestos.

A maldade e o dolo não são compatíveis com a vida que temos em Cristo. Esses pecados são como roupas contaminadas e sujas que precisamos remover de nossa vida.

Hipocrisia é fingimento, ou seja, é colocar uma máscara e vestir um capuz para ocultar a verdadeira identidade. E fazer da vida um palco para representar um papel, buscando aplausos. O hipócrita finge.

A palavra grega fthonos, traduzida por “invejas”, descreve o sentimento mesquinho de querer ocupar o lugar do outro. Até no grupo dos apóstolos a inveja subiu a cabeça. Quando Tiago e João levaram seu pedido a Jesus para ocuparem lugar de proeminência no seu reino, os demais ficaram tomados de inveja (Mc 10.41).

A inveja se expressa no desejo de possuir algo que pertence a outro. Uma pessoa invejosa é dominada por uma incurável ingratidão.

Maledicência traz a ideia de um falatório maldoso a respeito da vida alheia. E fazer da língua uma espada afiada para ferir, um fogo mortífero para destruir e um veneno letal para matar. Maledicência não é apenas sentir e desejar o mal contra o próximo, mas afligi-lo e atormentá-lo com o azorrague da língua. Precisamos nos livrar de todo mal, como nos livramos de uma roupa suja e contaminada.

Como filhos obedientes, não podemos retroceder nem cair nas mesmas práticas indecentes que marcavam nossa conduta quando vivíamos prisioneiros do pecado. Naquele tempo, os desejos e as paixões constituíam o esquema determinante da nossa vida e a nossa norma de conduta. É incoerente, incompatível e inconcebível um salvo amoldar-se às paixões de sua velha vida. O salvo é nova criatura. Tem uma nova mente, um novo coração, uma nova vida.

A vida no pecado é marcada pela ignorância. Mesmo aqueles que vivem untados pelo refinado conhecimento filosófico ainda estão imersos num caudal de ignorância (At 17.30).

A nova vida em Cristo, transformando a pessoa por dentro, deve traduzir- -se em novas expressões concretas de vida.

Todo o nosso procedimento deve resplandecer o caráter de Deus, a santidade daquele que nos chamou do pecado para a salvação.

Pedro citou Levítico 11.44 para sustentar seu argumento: “Sereis santos, porque eu sou santo”.

Fomos resgatados do fútil procedimento que nossos pais nos legaram. Éramos não apenas escravos, mas levávamos uma vida vazia, improdutiva e sem propósito, num estilo de vida que passava de geração a geração.

Refletindo sobre essa condição humana antes da redenção, Mueller escreve: O homem, afastando-se de Deus, chegou a se tornar escravizado pelo pecado e pelas forças do mal, não tendo capacidade em si próprio para resistir a essa dominação interna e externa. Isso é o que, basicamente, desencadeia todo o processo de injustiça, de dominação e opressão que caracteriza a sociedade.

2- ESCOLHIDOS PARA CRESCER ESPIRITUALMENTE (2.2-8)

Para crescermos espiritualmente Pedro nos apresenta duas coisas indispensáveis a Palavra e o exemplo de Jesus.

Pedro passa daquilo que devemos nos despojar para o que devemos desejar. O crescimento espiritual decorre do que evitamos e também advém por meio daquilo com que nos alimentamos. Ênio Mueller diz que a ação deve seguir em duas direções: despojar-se do antigo e alimentar-se do novo.128 O alimento é vital para o crescimento saudável.

Pedro compara o cristão a um recém-nascido. Assim como um bebê anseia pelo leite materno, o cristão deve desejar ardentemente o genuíno leite espiritual. A palavra grega epippothein significa um desejo intenso, como o da corça que anseia pelas correntes das águas.

A expressão grega gala logikos, traduzida por “leite espiritual”, tem um rico significado. Logikos é o adjetivo correspondente ao substantivo logos.

Pedro acabara de falar sobre Palavra de Deus que vive e permanece para sempre (1.23-25). Por isso, é a Palavra de Deus que Pedro tem em mente aqui ao mencionar o genuíno “leite espiritual”.

A Palavra de Deus é pura. Não há crescimento espiritual onde a Palavra de Deus é sonegada ao povo. Não há saúde espiritual onde a sã doutrina não está no cardápio diário do povo. Alimentar o povo com a palha das falsas doutrinas em vez de nutri-lo com o trigo da verdade é como dar leite contaminado a um recém-nascido. Mata mais rápido que a fome. A Palavra de Deus tem a vida, dá a vida e sustenta a vida. E preciso ansiar pela Palavra de Deus como recém-nascidos famintos.

Em segundo lugar, o propósito. … para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação (2.2b). A Palavra de Deus nos torna sábios para a salvação (2Tm 3.15) e nos dá crescimento para salvação. Nascemos da Palavra e crescemos pela Palavra.

Em terceiro lugar, a constatação. Se é que já tendes a experiência de que o Senhor é bondoso (2.3). Nossa salvação e nosso crescimento espiritual são resultado da bondade de Deus. Ele não apenas nos deu vida, mas cuida de nós, providenciando todas as coisas necessárias para nosso crescimento e amadurecimento na fé. A verdade insofismável da bondade de Deus perpassa todas as Escrituras, e sua prova máxima é Jesus Cristo sendo entregue à morte de cruz pelos nossos pecados.

Warren Wiersbe quando diz que a Palavra revela a mente de Deus, de modo que devemos aprendê-la; revela o coração de Deus, de modo que devemos amá-la; e revela a vontade de Deus, de modo que devemos obedecê- -la. O ser como um todo – a mente, o coração e a volição — precisa ser controlado pela Palavra de Deus.

A posição de Cristo é fundamental (2.4) – Pedro passa da metáfora do leite para a metáfora da pedra. Faz uma transição de quem somos para o que Cristo é. Somos como recém-nascidos que precisam de leite para crescer, mas Cristo é a pedra fundamental sobre a qual a igreja é edificada. O segredo do crescimento é nossa comunhão com Cristo. Precisamos aproximar-nos dele.

De Cristo emana todo o poder para uma vida nova. Kistemaker destaca que o ato de aproximar-nos de Jesus é um ato de fé que acontece não apenas uma vez, mas continuamente.

Agora podemos aproximar-nos dele. O próprio Jesus convida para si todos os cansados e sobrecarregados (Mt 11.28).

Em primeiro lugar, Cristo é a pedra viva. Chegando-vos para ele, a pedra que vive… (2.4a). A expressão “a pedra que vive” parece um paradoxo: uma pedra não tem vida. Nas Escrituras, porém, o termo pedra algumas vezes tem significado figurativo (SI 118.22; Is 8.14; 28.16; M t 21.42; Mc 12.10,11; Lc 20.17; At 4.11; Rm 9.33). O próprio Pedro usou essa imagem quando se dirigiu ao Sinédrio e retratou Jesus Cristo como pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou pedra angular (At 4.11).137 Jesus não é apenas a pedra que vive, mas é também aquele que dá a vida. Holmer aponta corretamente que Cristo é a pedra viva no sentido de que ele é a vida e ao mesmo tempo vivifica.

Não há vida nem crescimento espiritual à parte de Cristo. Nele somos salvos e nele crescemos. Cristo é a fonte da vida.Cristo foi o eleito de Deus para nos redimir dos nossos pecados e nos fazer sacerdotes para Deus.

A nossa posição em Cristo é orgânica (2.5-8) Pedro faz uma transição de quem Cristo é para quem nós somos nele. Vejamos a descrição que o apóstolo faz da igreja.

Cada pessoa que se converte a Cristo e se torna membro da igreja do Deus vivo é uma pedra viva tirada da pedreira da incredulidade e acrescentada ao edifício da igreja.

Deus está chamando aqueles que foram comprados com o sangue do Cordeiro e que procedem de toda tribo, raça, língua e nação, para formarem um povo exclusivamente seu, zeloso, de boas obras.

Em segundo lugar, nós somos casa espiritual. … sois edificados casa espiritual… (2.5b). Somos não apenas pedras vivas, mas também casa espiritual, morada de Deus. Somos templo do Espírito, o Santo dos Santos onde a glória de Deus se manifesta.

Em terceiro lugar, nós somos sacerdócio santo. … para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo (2.5c). Além de pedras vivas e santuário da habitação de Deus, somos sacerdotes santos que oferecem a Deus sacrifícios espirituais.

Calvino expressa essa verdade com exultação: “E uma honra singular o fato de que Deus não apenas nos consagrou como templos para ele, nos quais ele habita e é adorado, mas também nos fez sacerdotes”.

Agora, somos constituídos sacerdotes e temos livre acesso à presença de Deus. Cristo é a ponte que nos reconciliou com Deus e, agora, como sacerdotes, temos livre acesso a Deus.

Não precisamos mais levar ao altar o sangue de animais, pois o Cordeiro imaculado de Deus foi imolado e ofereceu um único, perfeito e irrepetível sacrifício (Hb 9.28). Agora, levamos a Deus sacrifícios espirituais. O que isso significa? Devemos oferecer a ele nosso corpo como sacrifício vivo, santo e agradável (Rm 12.1); o louvor dos nossos lábios (Hb 13.15); as boas obras que realizamos em favor dos outros (Hb 13.16). O dinheiro e outros bens materiais que compartilhamos com outros no serviço de Deus também são sacrifícios espirituais (Fp 4.18). Até mesmo as pessoas que ganhamos para Cristo são sacrifícios para a glória do Senhor (Rm 15.16).

Pedro ressalta ainda que todos esses sacrifícios espirituais precisam ser oferecidos a Deus por intermédio de Jesus Cristo. Somos aceitos nele e tudo o que fazemos para Deus precisa ser em seu nome e por seu intermédio. Nosso culto só é agradável a Deus quando relacionado com Cristo e por ele mediado (Hb 4.14-16; 5.1-10; 7.20-28; ljo 2.1).

  • PARA SER O POVO ESPECIAL DE DEUS (2.9,10)

Em contraste com os descrentes que rejeitaram a Cristo e nele tropeçaram, aqueles que foram escolhidos agora são o povo de Deus. Somos identificados por Pedro como um povo escolhido por Deus para a salvação e também para uma missão especial no mundo. Por isso nesse momento eu lhe convido a olhar para:

a)A NOSSA IDENTIDADE ESPIRITUAL É CLARA (2.9A) -Assim como Deus escolheu Israel dentre as nações para ser seu povo exclusivo, ele escolheu pessoas de todas as nações para formar sua igreja. Somos uma raça escolhida por Deus dentre todos os povos da terra para ser: sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus.

O Senhor não escolheu Israel porque era um grande povo, mas porque o amava (Dt 7.7,8). Assim também, Deus nos escolheu com base em seu amor e em sua graça. Jesus foi categórico: Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros (Jo 15.16).

Warren Wiersbe observa corretamente que, no tempo do Antigo Testamento, o povo de Deus possuía um sacerdócio, mas agora é um sacerdócio. Todo cristão tem o privilégio de entrar na presença de Deus (Hb 10.19-25).

A grandeza do cristão está no fato de pertencer a Deus. Porque somos propriedade exclusiva de Deus, temos valor infinito.

b) A NOSSA MISSÃO – A NOSSA MISSÃO NO MUNDO É SUBLIME (2.9B,10) – Depois de descrever os privilégios e atributos da igreja, Pedro fala sobre a missão da igreja. Fomos salvos pela graça para uma sublime missão. Fomos chamados do mundo para proclamarmos ao mundo uma mensagem imperativa, intransferível e impostergável. Destacamos aqui dois pontos importantes.

Em primeiro lugar, o conteúdo da mensagem. …a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (2.9). A palavra grega aretes, “virtudes”, era um termo amplamente difundido na época e muito importante na concepção ética e religiosa do helenismo.

Estão em vista as grandes obras de Deus na história do seu povo. Esses feitos maravilhosos de Deus tratam da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo como a transformação libertadora do homem e do seu mundo.

Também estão em foco aqui as virtudes de Deus, como poder, glória, sabedoria, graça, misericórdia, amor e santidade. Por meio de sua conduta, os cristãos devem testemunhar que são filhos da luz, e não das trevas (lTs 5.4).

Em segundo lugar, a motivação para a mensagem. Vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia (2.10). Pedro faz aqui um forte contraste entre o passado dos cristãos e o seu presente. O que Deus fez por nós deve ser uma forte motivação para cumprirmos com zelo, fidelidade e urgência a missão que nos confiou. Não éramos povo, mas agora somos seu povo.

 Concluo com as palavras de Holmer: “Quem experimentou a intervenção resgatadora de Deus em sua vida não pode silenciar a esse respeito, uma vez que sabe que foi arrancado do âmbito de poder das trevas e transferido para o senhorio libertador do Ressuscitado. Trevas significa distância de Deus, designa o que é diabolicamente mau. O ser humano distante de Deus vive nas trevas e realiza obras das trevas. Deus, porém, chama para fora das trevas – para dentro de sua maravilhosa luz” para um viver diferente em Cristo Jesus.

Pr. Eli Vieira

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

VENCENDO OS PROBLEMAS DA VIDA

 



Gênesis 26.1-25

            Na jornada da vida todos nós em algum momento passamos por problemas, a grande diferença está como nós enfrentamos as dificuldades da vida. Os problemas são uma realidade. Talvez você esteja atravessando um período assim, seja financeiro, familiar ou mesmo na área dos seus sentimentos. Como você tem reagido diante desses problemas?

A experiência de Isaque nos ensina como devemos enfrentar os problemas da vida. A crise foi um tempo de oportunidade na vida de Isaque. Em vez de se desesperar, ele seguiu a direção de Deus e triunfou num tempo em que todos estavam fracassando.

Estou certo de que os princípios que encontramos neste capítulo poderão lançar luz em seu coração e colocar os seus pés na estrada que o conduzirá à verdadeira prosperidade e vitória.

Aqui estão os princípios para que possamos enfrentar e vencer os problemas da vida.

1- CRER E SEGUIR A ORIENTAÇÃO DE DEUS

Isaque também estava enfrentando um problema sério não era um problema pequeno. A fome assola a sua terra. Seu país vive o drama do empobrecimento coletivo. A esperança do povo está morta.

Ele ficou atento a voz de Deus. Devemos estar com os ouvidos atentos nos tempos de crise. É justamente nesses períodos que temos as maiores experiências com Deus. Quando todas as soluções da terra entram em colapso, o céu aponta o rumo a seguir. O trono de Deus não enfrenta crise. Os propósitos de Deus não podem ser frustrados. As catástrofes da história não desestabilizam o governo de Deus. As tragédias humanas não fazem sucumbir os planos divinos.

Os problemas que vivemos são instrumentos pedagógicos para nos aperfeiçoar em santidade, e não fatos acionados pela mão do acaso, para nos destruir. Aquilo que nos ameaça está rigorosamente sob o controle soberano de Deus. Ele muitas vezes nos permitir passar por crises não para nos destruir, mas para nos colocar mais perto de Cristo. A mesma crise que levanta uns, abate outros.

2- NOS VOLTAR PARA AS PROMESSAS DA PALAVRA DE DEUS

Deus diz a Isaque: " Permaneça nesta terra e eu estarei com você" (Gn 26.3). Quando o problema bate à porta da nossa vida, a primeira coisa que perdemos é a consciência da presença de Deus. Quando somos encurralados por circunstâncias adversas, tendemos a achar que Deus nos desamparou. Por isso, a primeira palavra de encorajamento que Deus dá a Isaque é a garantia da sua presença com ele.

O segredo da vitória na crise é peregrinar na terra em obediência a Deus. Andar sob a direção do céu é caminhar seguro. Estar no centro da vontade de Deus é triunfar nas horas de incertezas. Quando temos consciência da presença de Deus conosco, passamos pelas águas, pelos rios e até pelo fogo sem nos intimidar. O que dava confiança para Davi passar pelo vale da sombra da morte era a presença de Deus. Quando vivemos em obediência, mesmo na fornalha ardente das provações mais amargas contamos com a presença do Senhor caminhando conosco.

Andar com Deus é o maior investimento que podemos fazer na vida. Não há projeção para o futuro mais compensadora do que ser fiel a Deus hoje. Não há herança mais bendita a deixar para os filhos do que andar com Deus.

3- OBEDECER A DEUS SEM RACIONALIZAÇÕES

Isaque também é convocado a obedecer a Deus no fragor daquele problema. O Senhor então com o seu servo: "Não desça ao Egito" (Gn 26.2). Não fuja do problema.

Isaque não discute, não questiona, não racionaliza, não duvida. Ele obedece prontamente, pacientemente (Gn 26.6). Deus o manda ficar, ele fica. Deus dá uma ordem, ele obedece. A obediência imediata abriu-lhe a porta da esperança. Ele prosperou naquela terra. Ali ele viu milagres extraordinários acontecendo. A crise é um tempo de oportunidade. As grandes lições da vida são aprendidas no vale. “O deserto é o cemitério dos covardes e incrédulos, mas também campo de semeadura e treinamento para os que confiam nas promessas de Deus” (HDL).

O nosso triunfo é resultado da nossa confiança em Deus. É Deus quem transforma desertos em pomares e fracassos em vitórias. É ele quem faz dos nossos vales verdadeiros mananciais. O caminho da obediência é a estrada da bênção.

 4- CONFIAR QUE DEUS PODE FAZER UM MILAGRE

Isaque colheu a cento por um no deserto em tempo de seca (Gn 26.12). "O homem enriqueceu, e a sua riqueza continuou a aumentar, até que ficou riquíssimo" (Gn 26.13). Tornou-se próspero empresário rural (Gn 26.14). A razão: "Porque Senhor o abençoou" (Gn 26.12b). "A bênção do Senhor traz riqueza, e não inclui dor alguma" (Pv 10.22).

A colheita farta é bênção de Deus. O homem planta e rega, mas só Deus pode dar o crescimento. O homem trabalha, mas só Deus pode fazê-lo prosperar. O homem investe, mas só Deus pode recompensar o seu labor. Deus não abençoa a indolência. O preguiçoso está fadado à miséria. O trabalho árduo, sério e honesto é o caminho da prosperidade. Devemos despender todo o nosso esforço e esperar com todas as forças da nossa alma em Deus. Sem semeadura não há colheita. Sem investimento não há retorno. Sem fé o milagre é retido.

Isaque colheu com fartura em tempo de fome. Ele prosperou no deserto e experimentou os milagres de Deus na crise. Mas Isaque não ficou rico de braços cruzados. Ele suou a camisa. Ele botou a mão na massa. Ele cavou poços. Plantou, investiu e trabalhou. Foi um empreendedor. É hora de parar de falar em crise e arregaçar as mangas. É hora de parar de reclamar e começar a trabalhar com afinco para a glória de Deus.

Portanto, não podemos ficar com os olhos fitos nos problemas, é preciso ouvir, crer e obedecer a Deus, na certeza que ele pode fazer um milagre extraordinário em nossas vidas.

Pr. Eli Vieira

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

SANTIDADE AO SENHOR

 

Texto: Hebreus 12.14-16

John C. Ryle, bispo em Liverpool no século XIX,  disse: “Precisamos ser santos, porque esse é um supremo fim e propósito pelo qual Cristo veio ao mundo… Jesus é um Salvador completo. Ele não retira, meramente, a culpa do pecado do que crê, ele vai além… rompe o seu poder (1 Pe 1.2; Rm 8.29)”.

A união entre paz e santificação aqui é uma advertência implícita de que não devemos buscar a paz a ponto de comprometer a santificação. O cristão busca a paz com todos, mas busca a santidade também, e esta não pode ser sacrificada por aquela.

A sã doutrina reformada será inútil, se não for acompanhada por uma vida santa. Tenho a firme impressão de que precisamos de um completo reavivamento acerca da santidade bíblica. Por quê ?

 1-NOS FAZ PERCEBER O PECADO (Rm 3.23) - O pecado é a transgressão da lei 1 João 3.4. Aquele que desejar ter pontos de vista corretos sobre a santidade cristã terá de começar examinando o vasto e solene assunto do pecado. Conceitos errôneos sobre a santidade geralmente advêm de ideias distorcidas quanto à corrupção humana.

A verdade absoluta é que o correto conhecimento do pecado jaz à raiz de todo o cristianismo salvífico. Sem ele, doutrinas como justificação, conversão e santificação serão apenas “palavras e nomes” que não transmitem qualquer sentido à nossa mente. John Owen escreveu, com toda a razão: “Não posso entender como um homem pode ser um crente verdadeiro, se para ele o pecado não é a maior carga, a maior tristeza e o maior motivo de perturbação”. 

No entanto, a primeira coisa que Deus faz quando quer tornar alguém em uma nova criatura em Cristo é iluminar-lhe o coração, mostrando-lhe que ele é um pecador culpado. Se um homem não percebe a natureza perigosa da doença de sua alma, ninguém poderá admirar-se de que ele se contente com remédios falsos ou imperfeitos. 

  2- A VERDADEIRA SANTIFICAÇÃO É OPERADA PELO ESPÍRITO (Jo 17.17; I Ts 4.3) - Esse é um assunto de máxima importância para a nossa alma. Há três coisas que, de acordo com a Bíblia, são absolutamente necessárias para a salvação de todo homem e mulher na cristandade. Essas três coisas são justificação, regeneração e santificação.

A santificação é aquela operação interna que o Senhor Jesus Cristo realiza em uma pessoa pelo Espírito Santo, quando Ele a chama para ser um servo verdadeiro. O instrumento mediante o qual o Espírito efetua essa obra geralmente é a Palavra de Deus, embora algumas vezes use as aflições e as visitas providenciais “sem palavra alguma” (1 Pe 3.1).É o invariável resultado da união vital com Cristo, que a verdadeira fé confere a um crente: “Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto” (Jo 15.5). Aquele que tem uma esperança real e viva em Cristo purifica-se a si mesmo, assim como Ele é puro (Tg 2.17-20; Tt 1.1; Gl 5.6; 1 Jo 1.7; 3.3).

  É absolutamente necessária para nos treinar e nos preparar para o céu. A maioria dos homens espera chegar ao céu quando morrerem; mas bem poucos, o que é de se temer, preocupam-se em considerar se conseguirão apreciar o céu, se ali chegarem. Teremos de ser santos antes de morrer, se quisermos ser santos quando estivermos na glória.

3 -A SANTIDADE IMPLICA EM VIDA PRÁTICA (Hb. 12.14) - A santificação [santidade], sem a qual ninguém verá o Senhor (Hebreus 12.14). Trata-se da santidade prática. Ele sugere um questionamento que requer a atenção de todos os cristãos professos, a saber: Somos santos? Veremos o Senhor? Esta pergunta diz respeito aos homens de todas as classes e condições.

            Por qual motivo a santidade é tão importante? Permita-me expor algumas razões que explicam isso. Acima de tudo, devemos ser santos porque a voz de Deus, nas Escrituras Sagradas, assim nos ordena claramente dizendo: “Sede santos, porque eu sou santo”(I Pe 1.16).  Porque essa é a grandiosa finalidade e propósito daquilo que Cristo veio fazer no mundo. Paulo escreveu: “Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse” (Ef 5.25,26 Porque essa é a única prova de que amamos o Senhor Jesus Cristo com sinceridade. Esse é um ponto acerca do qual Ele falou nos mais claros termos em João (Jo 14.15,21,23 e 15.14).

Além disso, a santificação é o único sinal seguro da eleição divina. O apóstolo Paulo percebeu a “fé” atuante, o “amor” operante e a “esperança” paciente dos crentes de Tessalônica, disse: “reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição” (1 Pe 1.2; 2 Ts 2.13; Rm 8.29; Ef 1.4; 1 Ts 1.3-4). Aquele que se orgulha de ser um dos escolhidos de Deus enquanto voluntária e habitualmente vive em pecado; está apenas enganando a si mesmo e proferindo ímpias blasfêmias. O catecismo da nossa igreja ensina, de forma correta e sábia, que o Espírito Santo “santifica todos os eleitos de Deus”.

             Devemos ser santos na terra, se quisermos ser santos no céu. Foi Deus quem o disse e Ele não retrocederá: “A santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”. Observou Jenkyn: “O calendário do papa só declara santos às pessoas mortas, mas as Escrituras requerem a santidade da parte dos vivos”.

Conclusão

Portanto, você quer ser santo? Então terá de começar com Cristo. Você simplesmente não conseguirá fazer coisa alguma e nem obterá qualquer progresso, enquanto não sentir os seus pecados e fraquezas, e não fugir para Ele. A santidade é a obra que Jesus efetua nos corações dos crentes, através do Espírito que Ele lhes proporciona no íntimo. Cristo foi nomeado para ser “Príncipe e Salvador, a fim de conceder ao homem o arrependimento e a remissão de pecados”. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem em seu nome” (Jo 1.12).

Pr. Eli Vieira

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

HELEN ROSEVEARE – DECEPÇÕES TRANSFORMADAS EM BENÇÃOS



 No momento em que Jesus lavava os pés dos discípulos, junto à reação de Pedro para que os seus pés não fossem lavados pelo Mestre, Jesus fez uma importante declaração: “O que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois” (Jo 13.7).

Nem sempre entenderemos o porquê das coisas no momento, só depois. A vida da missionária inglesa Dra. Helen Roseveare é um grande atestado dessa verdade. Em 1953 navegou para o Congo, enfrentando já três problemas: era mulher, era branca e solteira.

Helen foi profundamente discriminada pelos nativos e pelos colegas da Cruzada de Evangelização Mundial. Seu alvo principal era evangelizar os nativos. Decidiu criar um centro preparatório de enfermeiras, para aprenderem a Bíblia e medicina básica para atenderem às carências espirituais e físicas da população. Após o treinamento, seriam enviadas de volta às suas cidades a fim de tratar dos casos de rotina e ensinar cuidados médicos preventivos, enquanto serviam como evangelistas leigas.

Construiu, nos dois primeiros anos, na cidade de Ibambi, um Hospital-Escola, com muito sacrifício. Para a sua decepção, em 1955, a Missão a tirou daquela frente de trabalho, e foi forçada a se mudar para outra cidade, Nebobongo. Tudo o que ela fez foi praticamente tomado de suas mãos. Assumiu o novo trabalho em uma maternidade abandonada e um centro de tratamento de leprosos. Tomou aquele centro e o transformou em um hospital com mais de 100 leitos, cuidando de parturientes, leprosos e crianças. Fez ali, também, um centro de treinamento para paramédicos e 48 clínicas rurais. Infelizmente tudo isso parecia causar muito ciúme nos demais missionários.

Ela escolheu um idoso pastor africano para ser seu conselheiro espiritual. Era inaceitável para seus colegas verem um missionário se humilhar para um africano, e o estabelecer como seu conselheiro. A Missão, por sentir que ela era uma ameaça, em 1957, decidiu deslocar um médico novo, Dr. Harris, para ser o superior dela naquele hospital que ela mesma construíra.

Muito esgotada, em 1958 rumou para a Inglaterra para um ano sabático, até pensando em não voltar, por sofrer tanta humilhação da parte da sua própria equipe. Todavia ela retornou, por entender o seu chamado.

Em 1960, o Congo se tornou independente da Bélgica, e em 1964 estourou uma guerra civil, que resultou numa grande aflição para os missionários. Todo o hospital em Nebobongo foi destruído, e juntamente com os missionários foi detida e colocada numa casa pela força rebelde. Depois foram todos levados para uma prisão.

Todos os brancos que estavam no país sofreram retaliação dos rebeldes negros. Helen foi muito espancada, machucada e estuprada. Sentiu naquela ocasião que Deus a tinha abandonado. Mas nisso tudo ela teve uma experiência bem mais profunda com o Senhor e entendeu Deus falando ao seu coração.

Começou a sentir um grande privilégio de sofrer por Cristo ali no campo missionário. Então ela foi levada de volta para sua pátria. Em 1966, retornou para o Congo, na convicção de seu chamado como médica-missionária, para o posto de treinamento dos nativos. Deixou Nebobongo para construir um novo centro médico em Nyankunde, e ali fez um hospital para 250 leitos, enfermarias para maternidade, escola de medicina, centro de tratamento de leprosos e outros vários investimentos.

Claro que ela enfrentou outras várias dificuldades. Num país africano, sua autoridade “branca” era questionada continuamente, o que a levou a sentir-se decepcionada e um pouco abandonada. Ainda assim, ficou mais sete anos na África. Ela entendeu que seus 20 anos ali terminaram numa tragédia, pela ótica humana.

Em 1973 retornou ao Reino Unido, estabelecendo-se na Irlanda do Norte. Nesse tempo, escreveu vários livros. O que ela não sabia é que Deus, a partir de agora, querida usá-la como uma conferencista internacional, falando sobre o desafio missionário. Ela foi tão usada por Deus a partir daí que fez, talvez, mais do que fizera na África.

Toda a sua decepção se converteu numa grande bênção. Deus sempre faz assim com seus servos: transforma grandes decepções em fontes inesgotáveis de bênçãos para o seu reino. Helen faleceu em 2016.

Rev. José João de Paula

JOHN G. PATON – O VALENTE ENTRE OS CANIBAIS

 



Foi num lar de muita oração e consagração, que nasceu John Gibson Paton, na Escócia, filho de presbiterianos. Os pais o dedicaram ao Senhor para se tornar missionário em alguma região de um povo totalmente não alcançado pelo Evangelho. Mudou-se para Glasgow. Lá tornou-se missionário da Missão da Cidade de Glasgow. Após dez anos na Missão, sentiu forte chamado para o trabalho missionário nas Novas Hébridas (um grupo de ilhas no sul do Oceano Pacífico, que hoje formam a nação de Vanuatu).

Paton declarou: “Se eu conseguir viver e morrer servindo e honrando ao Senhor Jesus, não me importarei em ser comido por antropófagos ou por bichos; no grande dia da ressurreição, o meu corpo se levantará tão belo… na semelhança do Redentor ressuscitado”.

De fato, aquelas Ilhas já haviam sido batizadas com o sangue de mártires. Em 1858, foi ordenado ao ministério e casou-se com Mary Robson. Partiram em 16 de abril. Nas Novas Hébridas se fixaram na Ilha de Tanna, tendo um grande choque com os costumes locais. Paton viu ali os nativos se matarem como rotina.

O povo adorava elementos animados e inanimados. Foi ali que os Patons envidavam todos os esforços para clamar poderosamente ao Senhor em oração e falar de Jesus. Eles foram atacados por enfermidades. Após um ano na ilha (1859), Mary deu à luz e morreu de febre. O filhinho morreu, também, três semanas depois. Ele disse: “Não fosse Jesus… eu teria enlouquecido e morrido ao lado daquela sepultura solitária”.

Nos primeiros anos, Paton viu pouco fruto em Tanna. O sarampo varreu um terço da Ilha naquela época. Treze dos nativos que trabalhavam com ele morreram e o restante foi embora, com exceção de apenas um. Paton e o único permanente ficaram trancados num quarto cerca de quatro dias, enquanto os nativos os aguardavam fora para matá-los e comê-los. Paton fugiu e foi para a Austrália, a fim de pregar nas igrejas presbiterianas, relatar tudo que suportara em Tanna, e levantar recursos para o trabalho missionário nas Ilhas.

Ele comprou um navio para o trabalho nas Ilhas Hébridas. Nesse tempo de campanha nas Ilhas Britânicas, decidiu casar-se novamente, agora com Margaret, e em 1864 retornaram para as I. H. Fixaram-se em Aniwa. O resultado de seu trabalho ali foi extraordinário. Os nativos começaram a receber o cristianismo. Plantaram uma igreja, estabeleceram escolas e orfanatos.

Com o apoio dos chefes nativos, Paton passou a ter uma influência poderosa na Ilha e austeras leis puritanas se tornaram padrão para os crentes. Mas o seu grande alvo era amar e ganhar os pagãos para Cristo. Quanto ao primeiro culto em Aniwa, Paton registrou: “No momento em que coloquei o pão e o vinho naquelas mãos, antes manchadas com o sangue do canibalismo, agora estendidas para receber e compartilhar dos símbolos e selos do amor do Redentor, tive um antegozo da alegria da glória que quase partiu meu coração em pedaços. Jamais provarei uma bênção mais profunda, até que venha contemplar a face glorificada do próprio Jesus”.

Após a igreja ter-se estabelecido em Aniwa, os Patons passaram seus últimos anos como estadistas missionários, viajando pela Austrália, Grã-Bretanha e América do Norte, despertando obreiros e levantando fundos para a expansão missionária nas Ilhas Hébridas. Sua influência se tornou muito impactante naquele arquipélago.

No final do século, das trinta Ilhas habitadas, poucas não haviam sido ainda alcançadas pelo evangelho. Fundou-se um Instituto de treinamento de obreiros nativos, cujo número excedia a 300, e cerca de 24 missionários serviam com eles. Paton dedicou-se, nos últimos anos de sua vida, a traduzir a Bíblia para a língua Aniwa.

Em 1904, voltaram para visitar as várias Ilhas. Em 1905, Margaret faleceu, e dois anos depois, John Paton, com 83 anos, se juntou a ela para aguardar o retorno do Senhor e a entrega do galardão que o Senhor tem para eles. Louvado seja o Senhor pela grande herança que o casal deixou nas Ilhas. Seu filho Frank Paton foi o sucessor deles. A Deus toda glória por Cristo e pelos 51 anos de trabalho missionário transcultural de John Paton!

Rev. José João de Paula

Fonte: APMT

JOHN NELSON HYDE – O APÓSTOLO DA ORAÇÃO

 



A história de John Hyde é uma das maiores inspirações para nossa vida cristã e para o trabalho missionário – um jovem presbiteriano que desceu ao noroeste da Índia em 1892, ao Punjab.

Durante a viagem, Hyde abriu uma carta que recebera antes de viajar. Leu-a e ficou irado. A carta dizia que ele deveria buscar a plenitude do Espírito Santo para a capacitação de sua obra naquele país. Amassou-a e a lançou no convés do navio. Entendia que era essa carta quase uma acusação e uma agressão à sua fé. Todavia, começou a refletir sobre o que lera e decidiu pegá-la novamente e a releu. Entendeu que ainda precisava mais do que já havia recebido. Começou a buscar muito mais ao Senhor em oração durante a viagem, pedindo-lhe que o enchesse do seu Santo Espírito, e a conhecer, de forma prática, a experiência real do que significava o que Jesus prometera: “Recebereis poder… e sereis minhas testemunhas …” (At 1.8).

Os seus primeiros doze anos na Índia foram de esforço, lutas, dedicação ao estudo das Escrituras e da língua. Durante esses anos, se consagrou a visitar as inúmeras vilas, buscando ovelhas para o Bom Pastor. Percebendo a dureza e a aridez dos corações para crer, decidiu, juntamente com outros obreiros, experimentar uma dor bem mais profunda no campo da oração e na amplitude das fronteiras da fé.

Em 1904, um grupo de missionários, inspirado pela vida de oração de Hyde, formou a Associação de Oração de Punjab, em Sialkot. Hyde também era membro. Não dá para medir o impacto das pregações ministradas por Hyde, resultantes dessa vida de oração, regadas pelo poder do Espírito Santo! Deus soprava seu Espírito sobre ele e sobre a obra na Índia.

Tanto Hyde quanto os demais da Associação entendiam que o único método de adquirir tal despertamento era por meio de oração. Assentaram em seus corações, deliberada, definitiva e determinantemente, empregar esse meio até alcançarem o resultado.

Antes e durante as convenções em Sialkot, Hyde e os demais membros da Associação passavam noites inteiras e longos períodos em oração. Eram convenções evangelísticas – e às vezes para crentes – e Deus derramava seu Espírito sobre as multidões.

John Hyde decidiu no seu coração pedir a Deus vidas salvas todos os dias. Em 1908 pediu ao Senhor uma por dia; o Senhor as dava; em 1909, duas por dia; em 1910, quatro por dia. O Senhor lhe dava até dez por dia. Era o poder do Espírito Santo que descia dos céus sobre ele através das longas horas de oração. Era chamado de “o homem que nunca dorme”.

“Hyde foi um instrumento para o estabelecimento das conferências anuais em Sialkot, por meio das quais milhares de missionários e obreiros nativos voltaram para os campos cheios de poder e vigor para a obra”.

Ele retornou para a América devido a problemas de saúde, e em 1912 o Senhor o chamou à sua presença. Antes de sua morte, quando o médico o examinou, afirmou:

“O coração está em terríveis condições; nunca encontrei um caso como este. Está deslocado da posição normal no lado esquerdo e passou para o lado direito. O Sr. Hyde esforçou-se tanto que agora deve ficar em descanso meses e meses para que o coração possa voltar ao lugar. Que é que o Senhor fez para chegar a essa situação?”

A conclusão a que chegaram foi: sua vida de incessante luta em oração, com lágrimas, pelos seus filhos na fé, pelos companheiros de lutas e pela igreja na índia.

Na hora de sua morte, sua última frase foi: “Aclamem a vitória de Jesus Cristo!” Sim, John Hyde orou até seu coração ser deslocado para o Senhor levantar milhares de obreiros e convertidos na Índia. Ele era conhecido na Índia como “O Hyde de oração”, “O apóstolo da oração”. E nós, como seremos chamados?

Rev. José João de Paula

Fonte: APMT

terça-feira, 16 de agosto de 2022

Igreja Presbiteriana Semear 15 anos Fundação e 4 anos de Organização Eclesiástica

    



Nos das 13 e 14 de agosto de 2022 a Igreja Presbiteriana Semear celebrou com Gratidão a Deus os seus 15 anos de fundação e 4 anos de organização eclesiástica. Tendo como pregadores o Pr. Egenildo e Pr. Eli Vieira (atual pastor da IP Semear), e contou com a participação do Ministério de Louvor da IP Jardim das Oliveiras de Itabuna-BA e o Ministério de Louvor da IP Semear. A Deus somente a Glória.
Rev.Egenildo pastor da IP Jardim das Oliveira, Itabuna-BA

    A igreja Presbiteriana Semear surgiu através do trabaho de um Pequeno Grupo da Igreja Presbiteriana Jardim das Oliveira de Itabuna-BA, que teve início na casa dos irmãos: presbítero Odilon e sua esposa irmã Angela no dia 11 de agosto de 2007 o Pequeno Grupo se desenvolveu durante os anos depois se tranformou em Congregação e no dia 15 de abril de 2018 foi organizada a Igreja Presbiteriana Semear pelo Presbitério Grapiúna da Bahia. Graças ao nosso Deus pela vida dos irmãos, evangelistas e pastores que contribuiram para o desenvolvimento da IP Semear.

    Atualmente a IP Semear é administrada pelo seu conselho, composto pelos seguentes irmãos: Pastor Eli Vieira, presbíteros: Pb.Odilon Pereira, Pb.Mauro Lopes, Pb.Igo Reis e Pb. Silvério Vanderley e sua junta diaconal composta pelos diáconos: Alescley Alves, João Batista, Junio Pereira e José Silva e pelos Líderes Departamentais e Ministérios: tesoureira da igreja a irmã Maria Aparecida, EBD superintendente a irmã Jeane Reis, Acolhimento a irmã Mara, Ministério de Casais Pb. Mauro e Samara, Ministério Infantil a irmã Ângela, Evangelismo e Missões Pr. Eli, Jovens e Adolescente Pb. Igo e a irmã Valéria Reis, Ministério de Mulheres a irmã Maria Goretti, Música da Igreja Pb. Igo e Ornamentação a irmã Gilmara. E assim a IP Semear prossegue firmada na Palavra de Deus, na dependência do Senhor e Proclamando o Evangelho da Graça para honra e glória de Deus, e podemos dizer: “até aqui nos ajudou o Senhor”( 1 Sm 7.12).


segunda-feira, 15 de agosto de 2022

O Poder do Espírito Santo

 

O Poder do ceu!

Atos 2

Quando ainda jovem, missionário ganhador de almas Jônatas Goforth adotou as palavras de Zacarias 4.6 como lema da sua vida: “Não por força nem por violência, www.tifsa.com.br mas por meu espírito, diz o Senhor dos Exércitos.”

Vance Havner disse toda razão: “Não vamos transformar o mundo pela a crítica nem pela conformidade, mas sim pela combustão dentro de vidas inflamadas pelo Espírito de Deus”.

Meus irmãos, a Igreja primitiva não tinha nada do que consideramos essencial para o sucesso hoje – propriedades, dinheiro, influência política, status social -, no entanto, ganhou multidões para Cristo e viu a implantação de inúmeras igrejas por todo o mundo romano. Isso se deu pelo poder do Espírito Santo que capacitava seu ministério. Os primeiros cristãos eram pessoas “inflamadas pelo Espírito de Deus”.

Esse mesmo poder do Espírito Santo encontra-se a nossa disposição hoje para nos tornar testemunhas mais eficazes de Cristo. Quanto melhor entendermos a forma como o Espírito operou em Pentecostes, mais capazes seremos de nos relacionar com ele e de experimentar seu poder. O ministério do Espírito é glorificar a Cristo na vida e no testemunho do cristão (Jo 16:14), e é isso o que importa. Atos 2 nos ajuda a entender o Espírito Santo mediante o registro da experiências na vida da Igreja primitiva.Hoje nós precisamos do Espírito Santo para:

1 . A IGREJA PRECISA DO ESPÍRITO SANTO PARA ADORAR AO SENHOR (At 2:2-13)

A Igreja adorando ao Senhor (At 2:2-13) -Ao estudar os acontecimentos relacionados a Pentecostes, é importante separar os elementos essenciais dos secundários. O Espírito veio, e o povo ouviu o som de um vento impetuoso e viu línguas de fogo. O Espírito batizou e encheu os cristãos, e eles falaram enquanto louvavam a Deus em várias línguas.

A vinda do Espírito foi acompanhada de três sinais maravilhosos: o som de um forte vento, línguas de fogo e os cristãos louvando a Deus em várias línguas.

Campbell Morgan lembra que nossas línguas podem ser “abrasadas” pelo céu ou pelo inferno! (Tg 3:5, 6). A combinação de vento e fogo gera grandes labaredas!

Hoje nós precisamos ser cheios do Espírito para adorar e servira Deus. O Espírito encheu (v. 4). Ao encher a pessoa, o Espírito lhe dá poder para testemunhar e servir (At 1:8).

O “Espírito de Cristo é o espírito de missões”, disse Henry Martyn, “e quanto mais nos aproximamos dele, mais intensamente missionários devemos nos tornar”. Somente cheios do Espírito Santo  nós vamos sair das quatro paredes, para testemunhar do amor de Jesus para como pobre perdido pecador, como fizera o ganhador de almas Jônatas Goforth e muitos servos de Deus.

O batismo do Espírito significa que pertenço ao corpo de Cristo; a plenitude do Espírito significa que meu corpo pertence a ele. O batismo é definitivo; a plenitude se renova e se repete quando cremos em Deus e recebemos mais poder para testemunhar. O batismo envolve todos os demais cristãos, pois nos torna um só no corpo de Cristo (Ef 4:1-6); a  plenitude, por sua vez, é pessoal e individual. Trata-se de duas experiências distintas que não devem ser confundidas.

Paulo faz um contraste entre os dois, pois quando um homem está cheio de bebida forte, perde o controle de si mesmo e acaba envergonhado; mas quando uma pessoa está cheia do Espírito, possui domínio próprio e glorifica a Deus. A bebida forte pode trazer alegria passageira, mas o Espírito oferece satisfação profunda e alegria duradoura.

2 . PARA TESTEMUNHAR AOS PERDIDOS(At 2:14-41)

A Igreja testemunhando aos perdidos. Pedro não pregou em línguas; dirigiu-se ao público em aramaico, uma língua que todos entendiam. A mensagem foi dada por um judeu a judeus (At 2:14, 22, 29, 36), em um dia santo judeu, falando da ressurreição do Messias judeu que sua nação havia crucificado. Os gentios presentes ali eram prosélitos do judaísmo (At 2:10). Pedro só abriria a porta da salvação aos gentios depois de sua visita a Cornélio (At 10).

Que maravilha é podermos ver Pedro agora cheio do Espírito Santo se levantando cheio de ousadia e testemunhando do Senhor Jesus, pregando o evangelho transformador sem temor. Em seu sermão, Pedro explicou três coisas. O que havia acontecido:  o Espírito fora derramado (w. 14-21). A adoração jubilosa dos cristãos não era resultado de muito vinho; era prova da vinda do Espírito Santo de Deus para habitar em seu povo.

Como havia acontecido: Jesus estava vivo (w. 22-35). As notícias correm no Oriente, e é provável que a maioria dos adultos em Jerusalém, quer residentes ou visitantes, soubesse da prisão, julgamento e crucificação de Jesus de Nazaré.

Por que havia acontecido: para salvar os pecadores (vv. 36-41). O Espírito Santo usou a mensagem de Pedro para tocar o coração dos ouvintes. E fora usado tremendamente por Deus para alcançar os escolhidos (eleitos) do Senhor três mil pessoas se arrependeram, creram e foram salvas.

Se queremos alcançar o eleitos hoje, precisamos do poder do céu, pois não é por força nem por violência, mas pelo Espírito que vamos pregar a mensagem poderosa do Evangelho da Graça de Deus e alcançar aquele por quem Cristo morreu, não é porque fizemos um curso teológico, mas porque aprouve a Deus salvar os seus escolhidos através da pregação da Palavra viva e eficaz.

3. PARA VIVER DE FORMA DIFERENTE(At 2:42-47)-A igreja do senhor passou a viver de forma diferente, pois a Igreja estava caminhando no Espírito – Os cristãos continuaram a usar o templo como lugar de reunião e de ministério, mas também passaram a encontrar-se nos lares de várias pessoas. Os três mil novos convertidos precisavam ser instruídos na Palavra e ter comunhão com o povo de Deus, a fim de crescer e de se tornar testemunhas eficazes.

A igreja foi unificada (At 2:44), exaltada (At 2:47a) e multiplicada (At 2:47b). Seu testemunho entre os judeus era poderoso, não apenas em função dos milagres realizados pelos apóstolos (At 2:43), mas também pelo amor que os membros da comunidade tinham uns pelos outros e por seu serviço ao Senhor.

O Senhor ressurreto continuou a operar por meio deles (Mc 16:20), e o povo continuou a ser salvo. Uma igreja e tanto! O Senhor não mudou, ele continua o mesmo ainda hoje , e pode fazer muito mais do que nós pedimos e pensamos, mas nós precisamos ser cheios do Espírito santo para caminhar no Espírito.

Os cristãos que vemos no Livro de Atos não se contentavam em se encontrar uma vez por semana para “o culto habitual”. Encontravam-se diariamente (At 2:46), cuidavam uns dos outros diariamente (At 6:1), ganhavam almas diariamente (At 2:47), examinavam as Escrituras diariamente (At 1 7:11) e cresciam em número diariamente (At 16:5). A fé cristã era uma realidade diária, não uma rotina semanal. Isso porque o Cristo ressurreto era uma verdade viva para eles, e seu poder de ressurreição operava na vida deles por meio do Espírito.

A promessa ainda vale para nós hoje: “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (At 2:21; Rm 10:13). Mas, como invocarão se não há quem pregue e como pregarão o poderoso evangelho se não forem cheios do poder do Espírito Santo? Você já invocou o nome do Senhor? já creu em Jesus Cristo como seu Salvador? Então é tempo de viver para a glória de Deus na dependência do Espírito, pois é o poder que precisamos para viver nestes dias desafiadores.

Que as nossas igrejas possam ser revestidas da plenitude do Espírito para adorar a Deus, testemunhar do seu amor e viver somente para a glória de Deus.

Pastor Eli Vieira.

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

UM NOVO TEMPO

 


É preciso Mudar!

1 Sm 7:3-17

          Na atualidade, muitas pessoas gostariam de viver um novo tempo, mas são poucas que querem mudar para viverem o novo tempo, pois isto, implica em abandonar  velhas práticas.

Quando Deus chamou Samuel,  ele estava ciente da inquietação do povo e de seu desejo de mudanças e sabia que períodos de transição fazem aflorar o que há de melhor ou de pior nas pessoas.

Mas, Samuel estava certo, que a maior necessidade para a nação ser bem-sucedida seria colocar  o Senhor em primeiro lugar e crer somente nele. Por esse motivo, convocou uma reunião em Mispa, uma cidade em Benjamim (Js 18:26), onde desafiou o povo a voltar para Deus se queriam viver um novo tempo. Para Israel viver um novo tempo precisava:

1-DEIXAR OS FALSOS DEUSES (I Sm 7.3,4)

A idolatria havia sido um pecado constante em Israel. A família de Jacó havia carregado falsos deuses consigo (Gn 35:2), no Egito, eles adotaram os deuses e deusas dos egípcios, no êxodo, os israelitas adoraram alguns desses ídolos durante as jornadas pelo deserto (At 7:42, 43). Moisés ordenou que Israel destruísse todo e qualquer vestígio da religião cananeia, mas o povo acabou se entregando à idolatria e adorando os deuses de seus inimigos derrotados. Samuel citou especificamente os baalins e astarotes (1 Sm 7:3,4).

Deixar os falsos deuses era apenas o começo do processo de volta para o Senhor. Além disso, os israelitas deveriam preparar o coração para o Senhor e se consagrar somente a ele (v. 3). Essas instruções estavam de acordo com o primeiro mandamento: “Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20:3).

Um ídolo é um substituto para Deus: qualquer coisa a que servimos e na qual confiamos em lugar de Deus. Os israelitas adoravam ídolos de madeira, de pedra e de metal, mas os cristãos de hoje possuem ídolos mais sutis e atraentes: casas e propriedades, riqueza, carros, cargos e reconhecimento, ambição, etc. Qualquer coisa em nossa vida que ocupe o lugar de Deus e que exija o sacrifício e a dedicação que pertencem somente ao Senhor é um ídolo e deve ser lançada fora.

2- CONFESSAR O PECADO (I Sm 7.5,6) – Naquele momento Israel confessou os seus pecados(vv. 5,6). Samuel planejava conduzir o povo a um tempo de adoração e de intercessão para que fossem libertos dos inimigos, mas, se os israelitas tivessem qualquer iniquidade no coração, o Senhor não os ouviria (Sl 6 6:18). Não bastava apenas destruir seus ídolos, mas também era preciso que confessassem seus pecados e que se entregassem ao Senhor.  Eles se derramaram perante o Senhor e jejuaram naquele momento desafiador.

A principal atividade daquele dia foi a confissão do povo. “Pecamos contra o Senhor.” A promessa da aliança de Deus a Israel era a de que ele perdoaria seus pecados, se os confessassem ao Senhor com sinceridade (Lv 26:40-45), pois não havia sacrifícios suficientes nem rituais capazes de purificá-los de seus pecados. “Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus” (Sl 51:1 7). Essa promessa de perdão e de bênção foi reiterada por Salomão mais adiante na história de Israel, por ocasião da consagração do templo (2 Cr 7:14).

3- BUSCAR AO SENHOR PEDINDO AJUDA (vv.7-11,13,14). Quando os filisteus souberam desse grande ajuntamento de israelitas, suspeitaram que Israel estava planejando um ataque, de modo que os cinco príncipes filisteus convocaram suas tropas e se prepararam para invadir a nação vizinha.

 Israel não possuía um exército permanente nem um governante para organizar uma força militar, de modo que se sentiam impotentes. Porém, sua maior arma era a fé em Deus, fé que se expressava por meio da oração. “Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do Senhor, nosso Deus” (Sl 20:7).Samuel era um homem de oração (Sl 99:6), e, naquele dia, Deus lhe respondeu. Ao oferecer o holocausto no final do dia, o Senhor trovejou contra os soldados filisteus, confundindo-os de tal modo que foi fácil Israel atacá-los e derrotá-los. Quando nos lembramos de que Baal era o Deus cananeu da tempestade, vemos como o poder do trovão de Deus é ainda mais significativo.

Em decorrência dessa vitória, os israelitas recuperaram cidades que haviam perdido na batalha e até ganharam os amorreus como seus aliados. Sempre que o povo de Deus depende de seus planos e recursos, seus esforços fracassam e envergonham o nome de Deus. Porém, quando o povo de Deus confia no Senhor e ora, ele supre suas necessidades e seu nome é glorificado. Um homem ou mulher de oração é mais poderoso do que todo um exército! Será que  temos homens e mulheres de oração desse tipo hoje?

4- COMEMORAR A VITÓRIA (v. 12). A prática de fazer altar de pedras para comemorar acontecimentos importantes faz parte da cultura dos hebreus desde o tempo em que Jacó ergueu um memorial em Betel (Gn 28:20-22; 35:14). Josué colocou doze pedras no meio do rio Jordão (Js 4:9) e outras doze na margem ocidental em Gilgal, a fim de marcar o local onde as águas se abriram e Israel atravessou para a terra prometida (4:1-8,19-21). Antes de sua morte, Josué ergueu uma grande pedra para servir de testemunho e lembrar os israelitas do voto que haviam feito de servir e de obedecer somente ao Senhor (24:26-28).

  Neste momento eu lhe convido a olharmos para a palavra “Ebenézer” significa “pedra de ajuda”,  o monumento era uma lembrança aos Israelitas de que Deus os havia ajudado e de que continuaria a ajudá-los se confiassem nele e guardassem sua aliança. O fundador da Missão para o Interior da China Hudson Taylor, costumava pendurar em todas as casas onde morava uma placa que dizia: “Ebenézer – Jeová Jiré”. Juntas, as palavras em hebraico significam : “Até aqui nos ajudou o Senhor e nos ajudará daqui em diante”. Que grande estímulo para nossa fé!

Portanto, se queremos viver um novo tempo, precisamos deixar os ídolos, abandonar o pecado,  buscar a ajuda de Deus e nos consagrar ao Senhor, na certeza de que com ele, nós somos mais que vencedores, e assim poderemos dizer: “até aqui nos ajudou o Senhor e amanhã Deus proverá”.

Pastor Eli Vieira

terça-feira, 9 de agosto de 2022

Vivendo Segundo a Vontade de Deus

 

Caminhando Segundo a Vontade de Deus

Números 10:11 – 11.35

A uma história que um homem descontente com a sorte queixava-se de Deus:
– Deus dá aos outros as riquezas, e a mim não dá coisa alguma. Como é que posso ser feliz nesta vida, sem possuir nada?
Um companheiro seu, ao ouviu estas palavras, perguntou-lhe:
– Acaso você é tão pobre quanto diz? Deus não lhe deu, porventura, saúde e mocidade?
– Não digo que não, até me orgulho bastante da minha força e da minha juventude.
– Trocaria sua saúde e sua mocidade por dinheiro?
– Não!
O homem, então, pegou na sua mão direita e lhe perguntou:
– Você venderia sua mão direita, deixaria que a cortassem por um bom dinheiro?
– Não, de jeito nenhum!
– E a esquerda?
– De jeito nenhum!
– E seus olhos, você os venderia, ficaria cego pelo resto da vida por uma “bolada”?
– Não daria nem um olho por dinheiro!
– Veja – observou o velho – quanta riqueza Deus lhe deu e você ainda se queixa?

O povo de Israel acampou no monte Sinai por cerca de onze meses. Chegaram lá no terceiro mês depois de sua libertação do Egito (Êx 19:1); nesta passagem, estavam no segundo mês do segundo ano. Durante esse tempo, a lei de Deus havia sido anunciada, o tabernáculo havia sido construído e consagrado. Moisés havia consagrado os sacerdotes e levitas, contado os soldados e organizado as tribos. Israel era uma nação pronta para entrar em ação, marchar rumo a terra prometida.

Contudo, a história de Israel ao longo dos trinta e oito anos que se seguiram (Nm 10:11 – 22:1) é, em sua maior parte, um relato de incredulidade e de fracassos. Houve anos durante os quais o povo opôs-se a Moisés e rebelou-se contra a vontade de Deus. Por causa de sua desobediência em Cades-Barnéia, Israel vagou pelo deserto durante trinta e oito anos, deixando para trás um rastro de sepulturas, à medida que a geração mais velha ia morrendo. Dessa geração, somente Josué e Calebe sobreviveram para entrar em Canaã.

Os dez primeiros capítulos de Números, por outro lado, registram as atividades de Israel obedecendo ao Senhor. “Assim fizeram os filhos de Israel; segundo tudo o que o Senhor ordenara a Moisés, assim o fizeram” (Nm 1:54). Esse é um tema repetido com frequência nesses capítulos (2:34; 3:16, 51; 4:49; 5:4; 8:3, 20, 22; 9:5, 23). Ao obedecer a Deus, Israel tinha tudo a ganhar e nada a perder. No entanto, se recusaram a confiar nele e a seguir seus mandamentos. É só em Números 26 que a história muda, quando Moisés faz um censo na nova geração e prepara-os para entrar na terra, conquistar o inimigo e tomar posse de sua herança. 

 Números capítulo 11 nos ensina a viver segundo a vontade de Deus. Para vivermos segundo a vontade de Deus:

I- NÃO PODEMOS VIVER MURMURANDO (vv. 1-9).

É interessante notar que A história se repete. Três dias depois do grande culto de louvor depois que Israel atravessara o mar Vermelho, os israelitas murmuraram contra Moisés e contra Deus, pois não tinham água para beber (Êx 15:22-27). Então, três dias depois de deixar o Sinai (Nm 10:33), os israelitas queixaram-se novamente. É preciso ter fé para ser capaz de aceitar a direção providencial de Deus (Rm 8:28), e a fé do povo de Israel não era muito forte.

Uma vez que o povo havia ficado acampado num mesmo lugar durante quase um ano, talvez tenham se desanimado com as dificuldades da jornada e com a monotonia daquela região. Números 11:1 diz: “Queixou-se o povo de sua sorte”. Qualquer que tenha sido a causa, Deus ouviu aquelas palavras pecaminosas, irou-se e matou os ingratos. O “fogo do S e n h o r ” pode ser uma descrição de raios (Êx 9:23, 24), e o fato de o julgamento ter caído sobre pessoas que se encontravam acampadas na parte mais externa indica que, talvez, “o populacho” fosse a causa das murmurações (Nm 11:4).

A murmuração do populacho (vv. 4-9). Este é o único lugar, no Antigo Testamento, em que o termo hebraico asapsup é usado e descreve a “ralé” ou “gentalha” que acompanhou os israelitas quando saíram do Egito (Êx 1 2:38). A Bíblia não explica por que esse povo deixou o Egito. Talvez alguns temessem que mais juízos viessem sobre os egípcios e acharam mais seguro acompanhar os israelitas (Êx 9:20). Alguns servos e escravos podem ter visto na partida de Israel uma oportunidade de sair do Egito enquanto o povo estava ocupado sepultando seus mortos. É possível que outros fossem bem-intencionados, mas, por não terem fé no Senhor, seu coração nunca mudou (Hb 4:1, 2).

Qualquer que fosse sua origem, o “populacho” trouxe muitos problemas para Moisés e o povo de Israel, e um grupo parecido de pessoas está sempre criando caso com os servos e o povo de Deus hoje em dia. Na parábola do joio e do trigo (Mt 13:24- 30, 36-43), Jesus ensinou que, onde quer que o Senhor “plante” seus verdadeiros filhos, o diabo também vem e planta suas imitações. A natureza de Satanás é imitar e infiltrar-se (Jd 4; 2 Pe 2:1, 2), o que explica por que Paulo advertiu a igreja sobre os “falsos irmãos” (Gl 2:4; 2 Co 11:26), os “obreiros fraudulentos” (vv. 13ss) e sobre “o outro evangelho” (ou seja, um evangelho falso; Cl 1:6-9).

O comentarista Wiersbe diz: “ao longo de muitos anos de ministério, aprendi que não são os inimigos de fora da igreja local que fazem estrago, mas sim as imitações que se encontram dentro da comunidade da igreja (At 20:28-30; 3 Jo 9-11)’. Esses intrusos podem marchar junto com a igreja e agir como se fossem povo de Deus, mas não têm o desejo de buscar as coisas espirituais e, mais cedo ou mais tarde, acabam mostrando com o que estão verdadeiramente comprometidos (1 Jo 2:18, 19).

Os israelitas participavam de um milagre seis manhãs por semana, quando o “pão do céu” (SI 78:24; 105:40) caía no acampamento provendo o sustento necessário para aquele dia. Talvez influenciados pelo populacho, muitos dos israelitas enjoaram do cardápio e tentaram melhorar a receita de Deus (Nm 11:8). Em vez do maná, queriam as comidas que apreciavam no Egito. Esqueceram-se da escravidão do Egito e lembraram-se apenas daquilo que agradava a carne!

Como é triste quando pessoas que se dizem cristãos e estão dentro das igrejas buscam substitutos no mundo em vez de desejar o maná celestial, que é a Palavra de Deus (Jo 6:66-69; Mt 4:4). Ao tentar atrair e agradar o “populacho”, certas igrejas transformaram seus templos em teatros, seus ministérios em shows e seus cultos em entretenimento. Paulo teve de tratar com essa gente em sua época (Fp 3:17-21), de modo que não se trata de um problema novo.

No entanto, é algo muito sério murmurar contra o Senhor, criticar seus servos e pedir “substitutos religiosos” que satisfaçam nossos desejos carnais. Esses murmuradores de Israel acabaram sendo julgados por Deus e usados por Paulo como uma advertência para as igrejas de hoje (1 Co 10:10). “Fazei tudo sem murmurações nem contendas” (Fp 2:14). Um coração ingrato cria um ambiente propício para todo tipo de pecado (Rm 1:21 ss).

Jeremiah Burroughs disse: “A murmuração é prejudicial para nós, primeiramente, porque uma vez iniciada, ela vai piorando cada vez mais. Um espírito de murmuração é semelhante a uma ferida que se tornou pútrida. A carne infeccionada não pode receber tratamento; ela tem que ser cortada; caso contrário a infecção se espalhará por todo o corpo. E uma tendência à murmuração, se não for estancada, espalhará por toda nossa vida e arruinará tudo”.

Moisés lamenta seu chamado (w. 10-15). Moisés tinha cantado triunfantemente a respeito o Senhor (Nm 10:35, 36), mas naquele momento lamentava com amargura o trabalho que Deus o chamara a fazer. Poucas coisas desanimam mais os servos de Deus do que as pessoas que criticam injustamente e que reclamam das bênçãos recebidas do Senhor.7 Essa é a primeira de duas ocasiões em que a atitude do povo levou Moisés a pecar (ver Nm 20:1-13). Uma vez que sabemos como o povo de Israel tinha um coração endurecido e era ingrato, é de se admirar que Moisés não desanimasse com mais frequência!

É triste ver um grande homem de Deus pedir ao Senhor que tire sua vida, pois ele sente que seu chamado divino é um fardo com o qual Deus o afligiu e o desgraçou. Moisés perdeu a perspectiva correta, deixando de olhar para o Senhor e voltando-se para si mesmo – algo fácil de acontecer em meio às experiências difíceis da vida. Suas palavras: “Eu não posso” (Nm 11:14) nos lembram de quando Deus chamou Moisés e garantiu que iria ajudá-lo (Êx 3:11, 12). Pelo menos, Moisés levou seus fardos ao Senhor e aceitou a decisão de Deus (1 Pe 5:7).

Meus amados nós precisamos ter cuidado para não sermos servos murmuradores, pois o coração do homem é tão pecaminoso que tem a tendência de se esquecer das bênçãos de Deus.

II-IMPLICA EM OBEDIÊNCIA AS ORDENS DE DEUS (Nm 10:11-36)

A nuvem sobre o tabernáculo se moveu, os sacerdotes tocaram as trombetas, os levitas desmontaram o tabernáculo, e o povo se preparou para marchar. Estavam acomodados no Sinai, tendo morado quase um ano no mesmo lugar sem precisar enfrentar os rigores da marcha diária. A grande vitória de Deus sobre o Egito ainda estava vivida em sua memória, e a cada manhã, quando juntavam o maná, eram lembrados da bondosa provisão do Senhor para todas as suas necessidades.

No entanto, a herança do povo não estava no monte Sinai, mas sim na “terra que mana leite e mel” e que Deus havia prometido a seu povo. Quanto mais acomodados ficamos, menos gostamos de mudanças e, no entanto, não há crescimento sem desafios, e não há desafios sem mudanças. O conforto normalmente leva à complacência, e a complacência é inimiga do caráter e do crescimento espiritual. A cada nova experiência da vida, pode acontecer uma de duas coisas: ou confiamos em Deus, e ele extraí o que há de melhor de nós, ou desobedecemos a Deus, e Satanás extrai o que há de pior em nós.

Marchando em ordem (vv. 11-28). “Não podemos descansar nas promessas de Deus sem obedecer a seus mandamentos”.(João Calvino)

“O melhor critério para medir uma vida espiritual não são seus êxtases, mas sua obediência”(Oswald Chambers).

“Crer e obedecer sempre andam lado a lado”. (C. H. Spurgeon)

As tribos já dispunham de seus líderes (Nm 1) e sabiam qual era a ordem em que deviam marchar (Nm 2), de modo que tudo o que os sacerdotes precisavam fazer era tocar trombetas e sinalizar quando cada tribo devia se deslocar e juntar-se à procissão. A arca da aliança ia adiante do povo, carregada pelos sacerdotes, seguindo a coluna de nuvem (Nm 10:33-36; Ne 9:12; Sl 78:14). A arca era o trono de Deus (Sl 80:1; 99:1), e o Senhor era soberano sobre seu povo, mostrando-lhe o caminho a seguir. “O teu povo, tu o conduziste, como rebanho, pelas mãos de Moisés e de Arão” (Sl 77:20).

Judá, Issacar e Zebulom eram os primeiros na ordem de marcha, seguidos dos gersonitas e meraritas carregando o tabernáculo em si. Depois, vinham Rúben, Simeão e Gade, seguidos dos coatitas carregando os utensílios do tabernáculo bem no centro da procissão. Aquele era o lugar mais seguro para os utensílios valiosos. As tribos de Efraim, Manassés e Benjamim vinham depois e, em seguida, Dã, Aser e Naftali. O “populacho” que não pertencia a tribo alguma vinha por último (Nm 11:4; Êx 12:38).

O lugar em que cada tribo devia marchar na procissão não era uma opção; era uma obrigação, uma ordem do Deus Todo-Poderoso. Se as tribos de Dã e de Gade se cansassem de ficar na retaguarda e pedissem para passar para a frente, Moisés recusaria seu pedido, pois a vontade de Deus quanto a isso não era negociável. O povo de Israel não estava fazendo turismo, apreciando a paisagem. Eram um exército invadindo território inimigo, comandados pelo Senhor dos Exércitos. Cada tribo era uma divisão do exército de Deus (Nm 28), e cada divisão devia estar em seu devido lugar.

Convidando outros para acompanhá-los (w. 29-32). Hobabe era cunhado de Moisés, filho de Reuel, também conhecido como Jetro (Êx 2:15 – 3:1).’ É bem provável que, a essa altura, Jetro tivesse falecido, e Hobabe fosse o chefe da família. Moisés queria que seus parentes acompanhassem Israel e desfrutassem as bênçãos que Deus havia prometido a seu povo, mas Hobabe recusou o convite. Preferiu ficar em sua própria terra com seu próprio povo. Por que sacrificar o conforto e a segurança em troca de um futuro incerto?

Moisés, porém, sabia que Jeová estava com Israel e que o futuro era daqueles que confiavam no Senhor e que obedeciam a suas leis. Talvez por isso Moisés tenha acrescentado um desafio especial a seu convite: devido ao conhecimento que Hobabe tinha do terreno, poderia ser de ajuda para Israel durante sua jornada pelo deserto. Hobabe deve ter aceitado a proposta, pois, anos mais tarde, encontramos seus descendentes vivendo com os israelitas (Jz 1:16; 4:11). Certamente estavam muito melhor fazendo parte do povo de Deus.

No entanto, a providência divina não menospreza nem destrói a aptidão ou a responsabilidade humana. Israel não precisava de Hobabe para dizer-lhes para onde marchar e onde acampar; Deus faria isso. Mas os conhecimentos de Hobabe os ajudariam a tomar outras decisões ao ir de um lugar para outro. Charles Spurgeon disse: “Creio que, com isso, devemos aprender que, apesar de sempre buscarmos a orientação de Deus em sua providência, ainda assim podemos, com frequência, encontrar direção e orientação no uso do bom-senso e do arbítrio dos quais o Senhor nos dotou”. Não nos estribamos no nosso próprio entendimento (Pv 3:5,6), mas também não o ignoramos. Deus quer que nossas ações sejam realizadas com inteligência, bem como com fé, e o cristão espiritual sabe usar tanto o coração quanto a mente, a fim de discernir a vontade de Deus (Rm 12:2).

Não deixemos de observar, porém, a motivação mais forte por trás do que Moisés fez: ele convidou outros a se juntar a Israel e a desfrutar as bênçãos que Deus havia preparado para eles. A Igreja, hoje, é um povo peregrino neste mundo (1 Pe 1:1; 2:11), viajando rumo ao céu, e é nosso privilégio convidar outros a juntar-se a nós. A jornada não é fácil, mas Deus está abençoando seu povo agora e o abençoará para sempre. Quantas pessoas convidamos ultimamente?

III-DEVEMOS MARCHAR FIRMADOS NA PROVIDÊNCIA DIVINA (11.16-35)

A providência de Deus é como a Bíblia hebraica; precisamos começar do fim e ler de trás para frente a fim de entendê-la.(A. J. Gordon)

Não obstante o que Moisés fala, ele recebeu ajuda de Deus (w. 16-35).  O Senhor ajudou Moisés a resolver dois problemas difíceis: como liderar tantas pessoas e como prover carne para todas elas. Os dois problemas surgiram do tempo em que os hebreus passaram no Egito, onde desenvolveram o gosto pelas comidas de seus senhores. O povo se esqueceu da escravidão e lembrou-se apenas daquilo que comiam “de graça” no Egito.

Com relação ao primeiro problema (vv. 16,17, 24-30), o Senhor ordenou que Moisés escolhesse setenta anciãos tementes a Deus para ajudá-lo a cuidar da vida espiritual do acampamento. Moisés já havia nomeado líderes para ajudar o povo a resolver suas disputas pessoais (Êx 18), mas esses novos líderes teriam um ministério mais espiritual com o povo. Afinal, o coração de todo o problema é o problema do coração, e a menos que o coração das pessoas seja transformado pelo Senhor, seu caráter e sua conduta nunca mudam.

O segundo problema estava relacionado a encontrar carne suficiente para alimentar a nação (vv. 18-23, 31-35; ver Êx 16:1-13). Certamente, os israelitas não iriam abater seus rebanhos, pois isso os deixaria sem nada. Com um vento, Deus enviou para o acampamento codornizes que voaram a um metro do chão, e os israelitas passaram dois dias apanhando e matando as aves. “Dez ômeres” (Nm 11:32) equivalem a um recipiente com capacidade para trinta e seis litros! Mas Deus lhes disse que teriam carne suficiente para comer durante um mês (vv. 19, 20).

Glorificando o Senhor (w. 33-36). Fica implícito, aqui, que Moisés e Arão marchavam adiante das tribos, logo depois da arca. Cada vez que a coluna de nuvem sinalizava um movimento, as tribos se reuniam, e Moisés orava ao Senhor pedindo orientação e vitória; quando a nação parava e montava acampamento, ele orava para que a presença de Deus repousasse novamente com seu povo no tabernáculo. A arca era colocada no Santo dos Santos, e a coluna pairava sobre a tenda.3

Não importava quantas vezes os israelitas caminhassem e parassem, Moisés repetia essas orações. Queria que o povo soubesse que Deus, e não Moisés, estava no comando de Israel e que o povo era um exército que dependia do Senhor para ser vitorioso. Como a invocação e a bênção nos cultos da igreja, essas orações tornaram-se conhecidas para os israelitas e foram essenciais para o bem de Israel como nação. Moisés colocou Deus em primeiro lugar na vida do povo, e se os israelitas tivessem prestado atenção a isso, teriam evitado os pecados que, mais tarde, lhes causaram tanta tristeza.

Quando Deus quer, de fato, julgar as pessoas, ele permite que façam as coisas do jeito delas (Rm 1:24, 26, 28). “Concedeu-lhes o que pediram, mas fez definhar-lhes a alma” (Sl 106:15). Os israelitas começaram a devorar a carne, felizes por satisfazerem seu desejo; mas veio o julgamento de Deus, e muitos morreram (Nm 11:33; Sl 78:23-31; 1 Co 10:10). Moisés chamou o lugar de Quibrote-Taavá, “túmulo de concupiscência”, e aquelas sepulturas serviram de monumento para o perigo de se orar pedindo: “Seja feita a minha vontade e não a tua”.

O Senhor havia advertido Israel de que a forma como tratavam o maná diário seria um teste de sua obediência à Palavra de Deus (Êx 16:4; Dt 8:3). Ao rejeitar o maná, Israel, na verdade, rejeitou o Senhor (Nm 11:20), e foi essa atitude rebelde que trouxe sobre eles o julgamento de Deus. Isso nos lembra de que a forma como tratamos a Palavra de Deus é a forma como tratamos o próprio Senhor. Ignorar a Palavra, tratá-la com descaso ou lhe desobedecer deliberadamente é pedir a disciplina de Deus (Hb 12:5-11). Em vez de nos alimentarmos das coisas do mundo, que trazem a morte, vamos cultivar um apetite pela santa Palavra de Deus (Jó 23:12; Sl 1:1; Jr 15:16; Mt 4:4; Lc 10:38-42; 1 Pe 2:1-3).

Meus irmãos, podemos ver a providência de Deus em favor do seu servo Moisés e dos filhos de Israel, Deus ajudou o seu povo, Israel precisava glorificar a Deus.

O mesmo Deus que libertou Israel da escravidão do Egito nos libertou da escravidão do pecado para nos dar vida em abundância, portanto não podemos viver murmurando, porque a murmuração é pecado e nos separa de Deus, mas precisamos viver em obediência e confiando na providência de Deus.

Pastor Eli Vieira

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