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CORÍNTIOS 1.1-31
“Jesus
sim! Igreja não!" Esse era um lema conhecido entre os jovens da década de
1960. Sem dúvida, poderiam tê-lo usado com sinceridade na igreja de Corinto em
56 d.C., pois essa igreja local passava por sérias dificuldades. Infelizmente,
os problemas não se limitavam ao âmbito da comunidade cristã, mas eram também
do conhecimento dos incrédulos de fora da igreja.
Para
começar, a igreja de Corinto era uma igreja depravada. Alguns de seus membros
eram culpados de imoralidade sexual; outros se embebedavam; outros, ainda,
usavam a graça de Deus como desculpa para levar uma vida mundana. Também era
uma igreja dividida, na qual pelo menos quatro grupos competiam pela liderança
(1 Co 1:12). Isso significa que era uma igreja desonrada. Em vez de glorificar
a Deus, servia de empecilho para o avanço do evangelho.
A
fim de ajudar os cristãos de Corinto a resolver seus problemas, Paulo começa a
carta lembrando-os de seu chamado em Cristo e ressalta três aspectos
importantes desse chamado.
1 . CHAMADOS PARA A SANTIDADE (1 C O 1:1-9) Primeiro, Paulo ataca os problemas graves de depravação dentro da igreja, sem, no entanto, dizer coisa alguma sobre o problema em si. Em vez disso, usa uma abordagem positiva e lembra os cristãos de sua posição exaltada e santa em Cristo Jesus. Em 1 Coríntios 1:1-9, descreve a igreja que Deus vê; em 1 Coríntios 1:10-31, descreve a igreja que os homens vêem. Aquilo que somos em Cristo em termos posicionais também devemos ser na prática da vida diária, mas nem sempre é o que fazemos.
Em
outras palavras, todo cristão sincero é um santo, pois foi separado por Deus e
para Deus. Um cristão depravado e infiel peca não apenas contra o Senhor, mas
também contra seus irmãos e irmãs em Cristo. Os irmãos foram enriquecidos pela
graça de Deus (w. 4 6). A salvação é um dom da graça de Deus; mas, quando
somos salvos, também recebemos dons espirituais (dos quais Paulo trata mais
detalhadamente em 1 Co 12 - 14). Os coríntios eram especialmente ricos em dons
espirituais (2 Co 8:7), mas não usavam esses dons de maneira espiritual. O fato
de Deus, ter nos chamado, separado e enriquecido deve servir de estímulo para
vivermos em santidade.
À
espera da volta de Cristo (v. 7). Paulo tratará dessa questão mais
extensivamente em 1 Coríntios 15. Os cristãos à espera de seu Salvador levarão
uma vida irrepreensível (1 Jo 2:28 - 3:3). Para viverem na dependência da
fidelidade de Deus (vv. 8, 9). A obra de Deus foi confirmada neles (1 Co 1:6),
mas também foi confirmada para eles na Palavra. Isso é a base para um
relacionamento cada vez mais profundo de amor, confiança e obediência.
À
luz desses fatos, como era possível o povo da congregação de Corinto envolver-se
com os pecados do mundo e da carne? Foram eleitos, enriquecidos e confirmados.
Eram santos, separados para a glória de Deus! Infelizmente, sua prática não
condizia com sua posição.
2. CHAMADOS PARA A COMUNHÃO (1 Co 1:10-25) Depois de falar do problema de depravação na igreja, Paulo volta-se agora para a questão da divisão dentro da igreja. Isso sempre foi um problema no meio do povo de Deus, e quase todas as epístolas do Novo Testamento tratam desse assunto ou o mencionam de alguma forma. Nem mesmo os doze apóstolos se entendiam o tempo todo.
Em
1 Coríntios 3, Paulo afirma que não pode haver competição entre os verdadeiros
servos de Deus. É uma prática pecaminosa os membros da igreja compararem
pastores, ou os cristãos seguirem líderes humanos e se tornarem discípulos de
homens, não de Jesus Cristo. O culto a certas "personalidades" dentro
da igreja hoje é uma desobediência direta à Palavra de Deus. Toda e qualquer
preeminência cabe somente a Jesus Cristo (Cl 1:18).
Os
que foram chamados pela graça de Deus e que responderam pela fé (ver 2 Ts 2:13,
14) entendem que a cruz de Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus. A
chave não é o Cristo da manjedoura, o Cristo do templo ou da praça pública, mas
sim o Cristo da cruz. Foi na morte de Cristo que Deus revelou a loucura da
sabedoria humana e a fraqueza do poder humano.
Somos
chamados a participar da comunhão por causa de nossa união com Jesus Cristo:
ele morreu por nós; fomos batizados em seu nome; somos identificados com sua
cruz. Que alicerce maravilhoso para a unidade espiritual!
3. CHAMADOS PARA GLORIFICAR A DEUS (1 C o 1:26-31) Os coríntios tinham a tendência de se "ensoberbecer" (1 Co 4:6, 18, 19; 5:2). Mas o evangelho da graça de Deus não deixa espaço para a vanglória pessoal. Deus não se impressiona com nossa aparência, nossa posição social, nossas realizações, nossas origens ou nossa situação financeira. Convém observar que Paulo diz que "não foram chamados muitos", não que "não foi chamado nenhum". Encontramos alguns cristãos de posição social elevada no Novo Testamento, mas não são muitos. A descrição que Paulo faz dos convertidos certamente não é das mais elogiosas (1 Co 6:9-11).
Ao
relembrar este capítulo, podemos ver quais eram os erros que os coríntios
cometiam e que contribuíam para criar problemas na igreja. Em vez de viverem à
altura de seu santo chamado, seguiam os padrões do mundo. Ignoravam o fato de
que eram chamados para ter maravilhosa comunhão espiritual com o Senhor e uns
com os outros. Antes, se identificavam com líderes humanos e criavam divisões
na igreja. Em vez de glorificar a Deus e à graça, agradavam a si mesmos e se
gabavam de homens.
A
igreja de Corinto era um igreja complicada, dividida e desonrada! Antes, porém,
de julgar os coríntios, devemos examinar nossas igrejas e nossa vida. Fomos
chamados para ser santos, para ter comunhão e para glorificar a Deus. Estamos
vivendo hoje à altura desse chamado?
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